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Observatório Suíno: monitorando a evolução do bem-estar animal pela indústria

Iniciativa da Alianima preza pelo compromisso das empresas em implementar melhorias na vida de suínos 

Em dezembro de 2020, a Alianima lançou o primeiro relatório do Observatório Suíno, um panorama da suinocultura brasileira que monitora o avanço de bem-estar dos suínos na indústria. O objetivo principal do relatório é o acompanhamento anual da evolução da transição das empresas que possuem compromissos públicos de banir as celas de gestação na indústria da carne suína brasileira, criando uma relação de transparência com o consumidor final através da divulgação pública desses resultados. 

Na edição de 2020, o Observatório atesta sua importância devido ao cenário gerado pela pandemia do COVID-19, que trouxe consigo um momento de incerteza e um debate ainda mais acirrado sobre a necessidade de transparência e responsabilidade da indústria alimentícia. O levantamento detecta gargalos que estejam ocorrendo nos bastidores das empresas para que os principais pontos que minam a possibilidade de uma transição bem sucedida sejam identificados dentro do prazo estipulado para cada uma das empresas comprometidas. 

O relatório abordou as dez empresas que operaram no Brasil comprometidas em abolir as celas de gestação dentro do escopo definido em cada compromisso. No documento, é possível ver quais empresas responderam ao nosso questionário e contribuíram com uma maior transparência da indústria, também como o anda o processo de implementação dessas melhorias, levando em conta os desafios do setor. 

A Alianima apoia essas empresas com recursos técnicos e análises estratégicas, através da nossa expertise em bem-estar animal. Na nossa plataforma Observatório Animal você pode acompanhar nosso trabalho e ver os compromissos de bem-estar com outros animais. 

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O consumidor tem direito de saber a origem do que está colocando no prato para fazer escolhas que sejam coerentes com seus valores éticos. Para tanto, convidamos a todos que acessem o Observatório Suíno 2020

No último bimestre de 2021, será lançado um novo Observatório Suíno. Fique de olho e não perca as atualizações dessa importante ferramenta que conecta a indústria alimentícia aos consumidores. 

Conheça os 5 pilares de bem-estar de peixes

Peixes são espécies capazes de experimentar dor, medo e estresse e merecem atenção nas pautas de bem-estar animal  

Há quem diga que o ser humano é o animal mais estressado da Terra, mas a forma como os animais são tratados pela indústria alimentícia coloca em cheque essa teoria: há mais seres estressados por aí do que queremos acreditar, e os peixes, altamente explorados e muitas vezes deixados de lado nas discussões de bem-estar animal, também estão sofrendo desse mal. 

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O hormônio cortisol está presente tanto no nosso organismo como no dos peixes, e é liberado em condições estressantes, o que reforça as evidências de que os peixes são seres sencientes que reagem a diferentes estímulos, assim como os demais animais vertebrados. Por conta das práticas da piscicultura intensiva e semi-intensiva, como manejo incorreto, alta densidade populacional e baixa qualidade de água, o que não faltam são motivos para que esses animais vivam com sofrimento. 

É importante mitigar essas e outras problemáticas, para que promovam um ambiente saudável e para a melhoria do bem-estar dessas espécies que sentem, tanto por parte da indústria de pescado quanto por parte dos consumidores. Vamos pensar sobre isso? 

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Como melhorar o bem-estar dos peixes? 

Apesar de ainda caminhar lentamente em comparação ao que acontece com outros animais, a pauta de bem-estar dos peixes tem dado importantes passos. Por exemplo, os peixes possuem normativas de bem-estar publicadas pela Organização Mundial da Saúde Animal, a OIE, cujo Brasil é signatário. Para constar nessa normativa, o animal precisa possuir a capacidade de sentir estímulos e sensações de forma consciente, e os peixes, como falamos antes, correspondem a essa premissa. 

Os peixes são animais de grupos taxonômicos muito diferentes, o que dificulta a definição de padrões de bem-estar que atendam todas as espécies, mas melhorias no ambiente e manejo desses animais são possíveis! Após consultar especialistas em todo o mundo, a Gava (Global Aquatic Veterinary Association), primeira coalizão internacional de veterinários em prol do bem-estar de animais aquáticos, levantou cinco pilares para melhorar a qualidade de vida dos peixes. Veja quais são: 

Pilar 1 – Alimentação 

O Aquatic Life Institute estima que cerca de 1,2 trilhão de animais aquáticos sejam usados todos os anos para a alimentação de outros animais na cadeia de abastecimento. Como seres sencientes, é importante reduzir a quantidade desses animais que são capturados na natureza para a alimentação de outros, considerando fontes alternativas de alimentos, melhorando as taxas de conversão alimentar e substituindo as espécies carnívoras cultivadas por espécies herbívoras. Além disso, é importante que os peixes recebam alimentação em quantidade e formulação adequadas, a fim de garantir a sua saúde e bem-estar. A prática de jejuns prolongados no período pré-abate, embora comum nesse setor, pode ter como consequências o canibalismo, a perda de peso e a erosão das nadadeiras, devendo ser evitada.

Pilar 2 – Enriquecimento Ambiental 

Essa é uma das áreas mais negligenciadas do bem-estar dos animais aquáticos. Para expressar seus comportamentos naturais, eles merecem um ambiente que atenda às necessidades específicas de sua espécie e que seja semelhante ao seu habitat ideal. E o que seria enriquecimento ambiental para os peixes? Depende da espécie, mas podemos citar pedras (de diferentes tipos e tamanhos), pedaços de madeira, iluminação, cores específicas para os tanques, e água corrente. 

Pilar 3 – Lotação 

A piscicultura é uma atividade zootécnica que consiste na criação de peixes em tanques e viveiros com fins lucrativos. Nessa modalidade, os peixes são concentrados com uma alta densidade populacional, criando um ambiente de estresse intenso e crônico, favorecendo a agressividade entre os animais e o surgimento frequente de lesões e infecções. Por essa razão, é importante que sejam mantidos níveis adequados de lotação para as diferentes espécies e estágio de vida para evitar impactos físicos, psicológicos e comportamentais negativos. 

Pilar 4 – Qualidade da água

Na piscicultura, diferentemente da criação de animais terrestres, os peixes vivem, se reproduzem, respiram e lançam os seus dejetos no mesmo ambiente: a água. Por isso, um dos pontos fundamentais é garantir a sua qualidade por meio do monitoramento contínuo, ou pelo menos diário, de parâmetros como níveis de O2 e CO2, temperatura, turbidez, pH, salinidade, entre outros. É importante que essa avaliação seja acompanhada de um plano de ação, caso seja detectada baixa qualidade da água, para evitar prejuízos à saúde e morte dos peixes. 

Pilar 5 – Abate 

A preocupação com o bem-estar de todos os animais usados na aquicultura deve ser mantida ao longo de toda a sua vida, desde a reprodução, passando pelo nascimento, até o abate. Todos os animais devem ser efetivamente atordoados antes de serem abatidos, ou seja, devem estar inconscientes antes que sua morte seja provocada. E o tempo decorrido entre o atordoamento e o abate deve ser minimizado para diminuir o risco de recuperação da consciência. Asfixia em gelo, uso de banhos de sal, CO2 ou amônia não devem ser utilizados, pois não garantem a dessensibilização do animal, que pode permanecer consciente e sofrendo. 

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Se você puder, repense seu consumo de peixes, isso irá impactar a sua saúde e a dos animais. 

Acesse o site do Observatório Animal para saber mais sobre os pontos críticos da piscicultura e as intervenções que podem ser feitas para melhorar a vida desses animais.  

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O que comemos impacta a vida dos animais e a de outros seres humanos

Decidir o que colocar no prato é uma decisão política a ser tomada diariamente por aqueles que podem escolher 

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No mundo é produzido uma quantidade e diversidade de alimentos suficientes para saciar toda a humanidade: de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), são cerca de 2,5 bilhões de toneladas de grãos, entre soja, milho e trigo. Mas, infelizmente, grande parte do destino dessa produção é para a alimentação de animais de produção, como aves, suínos e bovinos, que depois são abatidos para serem vendidos como, justamente, alimento. 

Para alimentá-los, usa-se em média cerca de dez vezes mais calorias do que o disponível na carne – ou seja, um desperdício de aproximadamente 90% das calorias oriundas dos cultivos vegetais usados para a alimentação desses animais. Esse destino do alimento para a pecuária tem acarretado muito sofrimento aos animais, prejudicando o meio ambiente e aumentando significativamente a parcela da população global que enfrenta a fome – que aumentou depois da pandemia de covid-19, atingindo 10% da população mundial. Começar a praticar uma alimentação mais ética é aspecto fundamental para a mudança dessa realidade. 

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Quando você escolhe um alimento (se é que você pode fazer isso), não se trata apenas do consumo de comida e seus nutrientes. Todo um formato de produção e suas consequências são automaticamente aprovadas pelo consumidor, mesmo que isso ocorra sem seu conhecimento, e nesse processo fomentamos indústrias e práticas que nem sempre estão alinhadas com os nossos princípios éticos.

Portanto, para uma tomada de decisão mais consciente e para que esse momento de alimentação não seja apenas nutrição e paladar, é importante refletir sobre os hábitos alimentares e ter consciência deles. Essa reflexão pode proporcionar a sua mudança de comportamento, contribuindo para que o seu consumo seja coerente com o que você acredita. Para te dar um empurrão inicial, você pode começar refletindo sobre esses aspectos: 

ANIMAIS NÃO SÃO MÁQUINAS

A forma como temos tratado os animais na pecuária não considera o bem-estar deles, e sim o lucro. Alterar suas características genéticas, alojá-los em gaiolas ou em galpões fechados, sem permitir que manifestem seu comportamento natural é tratá-los como máquinas que produzem comida, quando, na verdade, são indivíduos conscientes e com vontade própria. Fica difícil ingerir – e digerir – todo esse histórico de dor e sofrimento, não é mesmo?

SENCIÊNCIA ANIMAL É UMA REALIDADE

A senciência é a capacidade de sentir, ter experiências positivas e negativas. Ser capaz de receber e reagir a um estímulo de forma consciente. A ciência considera que pelo menos todos os animais vertebrados e alguns moluscos, como o polvo, são sencientes, sendo uma postura ética evitar, sempre que possível, seu sofrimento desnecessário.

VEGETAIS TÊM PROTEÍNAS

Não é necessário comer produtos de origem animal para obter proteínas. As proteínas são compostas de aminoácidos e não existe nenhum aminoácido essencial necessário ao organismo humano que não esteja presente em diversos alimentos vegetais. Considere dietas com uma presença maior de vegetais, e a redução, ou até mesmo a exclusão, de alimentos de origem animal. 

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ACOMPANHE OS COMPROMISSO DA INDÚSTRIA

Ser um consumidor mais coerente passa por buscar informações das empresas fornecedoras de alimentos. Quanto mais transparente a empresa é sobre seus processos e compromissos, melhor. Para facilitar essa busca, acesse a plataforma Observatório Animal, e veja quais empresas já se comprometeram a adotar políticas de bem-estar de suínos e galinhas poedeiras. 

Alimentar-se é um ato político. Coma com sabedoria.

Entenda como é o trabalho de relações corporativas da Alianima

Através do diálogo constante com a indústria, trabalhamos para que cada vez mais empresas firmem compromissos de bem-estar animal 

A demanda por um modelo de produção de alimentos mais sustentável e que se atente ao bem-estar dos animais tem mobilizado a indústria a implementar políticas que melhorem gradativamente as práticas da pecuária, e organizações como a Alianima têm um importante papel nesse progresso e no seu monitoramento. 

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A Alianima atua para que, de forma socialmente responsável, as piores práticas de criação dos animais de produção sejam revistas, e para tanto, apoiamos essas empresas com recursos técnicos, treinamentos corporativos gratuitos, eventos e análises estratégicas através da nossa expertise em bem-estar animal. Também incentivamos que compromissos públicos sejam firmados pelas empresas, possibilitando um diálogo entre elas e o consumidor final. 

Para que o consumidor não perca o controle de quais empresas assumem essa responsabilidade e se elas estão, de fato, cumprindo seus compromissos, a Alianima disponibiliza a plataforma Observatório Animal, onde tanto o consumidor pode consultar para fazer melhores escolhas nos supermercados, quanto a própria indústria se manter atualizada e compreender a importância da transparência de suas operações para a sociedade civil

Por que atuamos com essa categoria? 

Mesmo incentivando as pessoas a praticarem uma alimentação mais ética e responsável, infelizmente a exploração animal não vai ser banida da noite para o dia, e a vida dos animais que estão sofrendo desnecessariamente nos sistemas de produção precisam ser protegidas hoje. Portanto, acreditamos que é mais eficiente nos esforçarmos para reduzir o sofrimento deles, surtindo efeitos de melhoria em um prazo relativamente curto, se comparados aos esforços de banir totalmente a exploração animal na pecuária. 

Não estaremos satisfeitos com menos crueldade e sofrimento, estamos apenas caminhando com um passo de cada vez.

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Para quais animais trabalhamos 

Suínos

Além de buscar novos compromissos da indústria para implementação de melhorias aos suínos como o fim das celas de gestação, também acompanhamos o seu progresso e anualmente lançamos o relatório Observatório Suíno, um panorama da suinocultura brasileira que monitora o avanço de bem-estar desses animais na indústria. 

Galinhas Poedeiras 

Na indústria dos ovos, os compromissos são para banir as gaiolas em bateria e para a implementação de práticas de bem-estar desse animal, como o enriquecimento do ambiente em que vivem. 

Frangos de Corte 

Para a indústria de frango de corte, propomos diversas melhorias, como a reduzir a lotação de animais nos galpões e refrear as técnicas de aceleração de crescimento. 

Peixes 

Propomos que a piscicultura  considere a senciência desse animal e adote melhores práticas, como o monitoramento da qualidade da água e níveis adequados de lotação. 

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Declaração de Senciência em Peixes

A senciência refere-se à capacidade de sentir, de entender ou de perceber algo por meio dos sentidos1, sendo um pré-requisito para a discussão da ciência do bem-estar animal. Isso significa que os seres sencientes não apenas detectam, observam ou reagem às coisas ao seu redor, mas também podem sentir algo em resposta. Do ponto de vista evolutivo, a capacidade de receber ou possuir impressões ou sensações auxilia na sobrevivência das espécies e, portanto, não é surpreendente que ela tenha evoluído nos seres humanos e em outros animais, incluindo os peixes2

Os peixes estão entre os animais mais utilizados pelo homem, seja para consumo, pesquisa científica, recreação ou como animais de estimação. Cerca de 1,5 trilhões de peixes são capturados na natureza e até 167 bilhões são cultivados para consumo humano a cada ano em todo o mundo3. Esse número é cerca de 25 vezes maior que todos os animais terrestres abatidos juntos, o que corresponde a aproximadamente 73 bilhões4. Além do impacto devastador sobre as populações de peixes selvagens e o ambiente aquático, os peixes raramente recebem o mesmo nível de empatia ou preocupação com o seu bem-estar do que os outros animais. Apesar de os resultados de pesquisas sobre a opinião pública apontarem que a população acredita que esses animais possuem inteligência e emoções, e que são capazes de sentir dor, eles demonstram um menor grau no reconhecimento da senciência dos peixes do que em relação aos outros animais5,6. Parte desse problema é devido à grande lacuna entre a percepção da população acerca da consciência e senciência dos peixes e a realidade científica. Além de os peixes serem filogeneticamente distantes do homem, em comparação com os mamíferos, não podemos ouvi-los vocalizar e eles não apresentam expressões faciais reconhecíveis, que são pistas primárias para a empatia humana7

Embora a trajetória evolutiva e de desenvolvimento cerebral dos peixes seja diferente da de outros vertebrados, é evidente que existem muitas estruturas análogas que desempenham funções semelhantes nesses animais7. Um conjunto de evidências anatômicas, fisiológicas, comportamentais, evolutivas e farmacológicas sugere que os peixes são capazes de sentir dor, medo e outros sentimentos de maneira similar aos demais vertebrados, e que a sua percepção e as habilidades cognitivas muitas vezes correspondem, ou excedem, a de outros vertebrados7,8. Os peixes têm boa memória, vivem em comunidades sociais complexas onde acompanham os demais indivíduos e podem aprender uns com os outros. Além de cooperarem entre si, eles são capazes de construir estruturas complexas, de utilizar ferramentas e usar os mesmos métodos para controlar as quantidades como nós, humanos. Na maioria das vezes, seus sentidos primários são tão bons quanto os nossos e, em muitos casos, até melhores9,10. Além disso, as estruturas do cérebro que transmitem a dor em outros vertebrados também são encontradas em peixes, indicando que eles são capazes de sentir e reagir conscientemente a diferentes estímulos potencialmente nocivos do ambiente, geralmente acompanhados por uma resposta reflexa de retirada, favorecendo a sua sobrevivência11,12.

O reconhecimento de que os humanos não são os únicos animais com as estruturas neurológicas que geram consciência deu origem à Declaração de Cambridge sobre a Consciência, publicada em 2012 na Universidade de Cambridge, que apresenta a conclusão de um grupo de neurocientistas acerca do tema13. Portanto, admite-se o que foi negado durante tanto tempo: que muitos animais, incluindo todos os mamíferos, as aves e o invertebrado polvo, apresentam consciência. Dois anos mais tarde, a Declaração de Curitiba, assinada por especialistas de renome nacional e internacional, reforça a ideia de que os animais não humanos são seres sencientes e, como tal, não podem ser tratados como coisas14.

Embora os cientistas não possam fornecer uma resposta definitiva sobre o nível de consciência de qualquer vertebrado não humano, a extensa evidência de sofisticação comportamental e cognitiva, e da percepção de dor dos peixes sugere a conduta de estender aos peixes o mesmo nível de proteção dado a qualquer outro vertebrado7. Do ponto de vista do bem-estar animal e da ética, se um animal for senciente, provavelmente poderá sofrer e, portanto, deverá receber algum tipo de proteção. No entanto, durante o manejo e abate de peixes, é comum a realização de práticas sem a devida insensibilização prévia para evitar sofrimento e dor desnecessários15. Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) publicou o Código de Saúde dos Animais Aquáticos, que fornece padrões para a melhoria da saúde dos animais aquáticos em todo o mundo, incluindo padrões para o bem-estar dos peixes de criação e uso de agentes antimicrobianos em animais aquáticos16. O documento serve de base para auxiliar as autoridades competentes de todos os países signatários, incluindo o Brasil, na elaboração de legislações e normas a respeito do assunto.

Por conseguinte, declaro estar de acordo com a elucidação supracitada. O reconhecimento dos peixes como seres sencientes gera a necessidade de se incorporar a preocupação com seu bem-estar. O diagnóstico de um grau de bem-estar muito baixo também interfere na qualidade final do produto e está associado a perdas econômicas para o produtor17. Portanto, compreender a capacidade de um peixe de sentir dor e sofrimento é particularmente importante em relação à forma como são tratados. Sendo assim, o debate acerca da consciência e senciência animal é de extrema relevância para conscientizar a população e direcionar as ações relativas ao bem-estar desses seres em todas as esferas, sejam elas educacional, científica, legislativa ou produtiva.

“A questão não é ‘eles podem raciocinar?’ nem, ‘eles podem falar?’ mas sim, ‘eles podem sofrer?’” – Jeremy Bentham (1789).

São Paulo, 25 de maio de 2021.

  1. Leticia Lima

(Bióloga, Mestre em Biologia Celular e Molecular)

  1. Patrycia Sato

(Médica Veterinária, Doutora em Bem-Estar de Animais de Produção)

  1. Maria Fernanda Martin

(Zootecnista, Mestre em Bem-Estar Animal)

  1. Ana Silvia Pedrazzani

(Médica Veterinária, Doutora em Ciências Veterinárias)

  1. Fernanda Vieira

(Zootecnista, Doutora em Bem-Estar de Animais de Produção)

  1. Haiuly Viana Gonçalves de Oliveira

(Médica Veterinária, Especialista em Medicina Veterinária do Coletivo e Medicina Veterinária Legal)

  1. Bianca Marigliani

(Bióloga, Doutora em Biotecnologia)

  1. Julia Eumira Gomes Neves Perini

(Médica Veterinária, Doutora em Bem-estar Animal e Professora do Instituto Federal de Brasília)

  1. Murilo Henrique Quintiliano

(Zootecnista, Diretor da FAI Farms do Brasil)

  1. Catalina López Salazar

(Médica Veterinária e Zootecnista, Diretora da Aquatic Animal Alliance)

  1. Daiana de Oliveira

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal e Professora na Swedish University of Agricultural Sciences)

  1. Guilherme Maino de Azevedo

(Zootecnista, Especialista em Comportamento Animal)

  1. Thais Vaz Oliveira

(Médica Veterinária, Especialista em Comportamento Animal)

  1. Anne Elise Landine Ferreira

(Bióloga, Mestre em Comportamento e Biologia Animal)

  1. Monique Valéria de Lima Carvalhal

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal, Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia e da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida) 

  1. Fernanda Macitelli Benez

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal e Professora da Universidade Federal de Mato Grosso)

  1. José Rodolfo Panim Ciocca

(Zootecnista, Gerente de Agropecuária Sustentável da World Animal Protection Brasil)

  1. Cynthia Schuck Paim

(Bióloga, Doutora em Zoologia pela Universidade de Oxford)

  1. Maria Camila Ceballos

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal e Professora na University of Calgary – Canadá)

  1. Karen Camille Rocha Góis

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal)

  1. Haven King-Nobles

(Co-fundador e Diretor de Operações na Fish Welfare Initiative)

  1. Iran José Oliveira da Silva

(Engenheiro Agrícola, Doutor em Bem-Estar Animal e Professor da Universidade de São Paulo)

  1. Leonardo Thielo de La Vega

(Médico Veterinário, Diretor da F&S Consulting)

  1. Becca Franks

(Antropóloga, Doutora em Psicologia e Professora de Bem-estar Animal na New York University)

  1. Culum Brown

(Biólogo, Doutor em Comportamento de Peixes, Professor na Macquarie University – Austrália e Editor do Journal of Fish Biology)

  1. Giovana Toccafondo Vieira

(Médica Veterinária, Doutora em Comportamento e Bem-estar animal)

  1. Rosangela Poletto

(Médica Veterinária, Doutora em Ciência Animal, Professora do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, e Membro do Comitê Científico da Certified Humane)

  1. Maria José Hötzel

(Médica Veterinária, Doutora em Zootecnia, Professora da Universidade Federal de Santa Catarina)

  1. Juliana Ribas

(Médica Veterinária, Especialista em Bem-estar Animal e Mestre em Nutrição Animal)

  1. Carla Molento

(Médica Veterinária, Doutora em Bem-estar Animal e Professora da Universidade Federal do Paraná)

  1. Aline Cristina Sant’Anna

(Bióloga, Doutora em Bem-estar Animal e Professora da Universidade Federal de Juiz de Fora)

  1. Caroline Marques Maia

(Bióloga, Doutora em Zoologia, Especialista em Jornalismo Científico e parte do FEG (Fish Ethology and Welfare Group)

  1. Maurizélia de Brito Silva

(Chefe de Unidade de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/MMA)

  1. Tavani Rocha Camargo 

(Bióloga, Doutora em Aquicultura, e Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná)

  1. Victor Lima

 (Zootecnista, Mestre em Zootecnia, consultor na BEA Consultoria)

  1. Ingrid Eder

(Médica Veterinária, Especialista em Economia e Gestão da Sustentabilidade)

  1. Vania de Fátima Plaza Nunes

(Médica Veterinária, Especialista em Comportamento e Bem-Estar Animal, Saúde Pública, Vigilância Sanitária, Ecologia e Educação Ambiental, Homeopatia e Medicina Veterinária Legal)

  1. Priscila Cotta Palhares

(Médica Veterinária, Doutora em Ciências Veterinárias e Professora do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais)

  1. Daniel Santiago Rucinque

(Médico Veterinário, Doutor em Bem-estar de Peixes)

  1. Karynn Capilé

(Médica Veterinária, Doutora em Bioética)

  1. Lizie Pereira Buss

(Médica Veterinária, Presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do CRMV-DF e Auditora Fiscal Federal Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

Referências

  1. SENCIÊNCIA. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https://www.dicio.com.br/trabalho/. Acesso em: 23/05/2021.
  2. Broom DM; Molento CFM. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – Revisão. Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p.1-11. 2004. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/4057. Acesso em: 23/05/2021.
  3. Mood A; Brooke P. Fishcount. 2019. Disponível em: http://fishcount.org.uk/. Acesso em: 23/05/2021.
  4. Ritchie, H; Roser, M. Meat and Dairy Production. Published online at OurWorldInData.org. 2017. Disponível em: https://ourworldindata.org/meat-production. Acesso em: 24/05/2021.
  5. Pedrazzani, AS; Neto, AO; Carneiro, PCF; Gayer, MV; Molento, CFM. Opinião Pública e Educação Sobre Abate Humanitário de Peixes no Município de Araucária, Paraná. Ciência Animal Brasileira, [S. l.], v. 9, n. 4, p. 976–996, 2008. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/1361. Acesso em: 25/05/2021.
  6. Molento, CFM; Battisti, MKB; Rego, MIC. The attitude toward animals: people from the Northwestern Region of the State of Paraná, Southern Brazil. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON HUMAN-ANIMAL INTERACTIONS, 9, 2001, Rio de Janeiro. Abstract book. Rio de Janeiro: ARCA BRASIL/AFIRAC/WHO, p. 75. 2001. Acesso em: 23/05/2021.
  7. Brown, C. Fish intelligence, sentience and ethics. Anim Cogn 18, 1–17. 2015. https://doi.org/10.1007/s10071-014-0761-0. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24942105/. Acesso em: 23/05/2021.
  8. Vila Pouca C, Brown C. Contemporary topics in fish cognition and behaviour. Curr Opin Behav Sci. 16:46-52. 2017. doi:10.1016/j.cobeha.2017.03.002. Disponível em: https://www.hrstud.unizg.hr/_download/repository/Contemporary_topics_in_fish_cognition_and_behaviour.pdf. Acesso em: 23/05/2021.
  9. Bshary R; Wickler W; Fricke H. Fish cognition: a primate’s eye view. Anim Cogn 5:1–13. 2002. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11957395/. Acesso em: 23/05/2021.
  10. Brown C; Laland K; Krause J. Fish cognition and behavior. In: Brown C, Krause J, Laland K (eds) Fish cognition and behaviour. Wiley, Oxford, pp 1–9. 2011. Acesso em: 23/05/2021.
  11. Sneddon, LU. Pain in aquatic animals. J Exp Biol; 218 (7): 967–976. 2015. doi: https://doi.org/10.1242/jeb.088823. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25833131/. Acesso em: 23/05/2021.
  12. Pedrazzani, AS et al. Bem-estar de peixes e a questão da senciência. Archives of Veterinary Science, [S.l.], ISSN 2317-6822. 2007. doi: http://dx.doi.org/10.5380/avs.v12i3.10929. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/10929. Acesso em: 21/05/2021. 
  13. Low, P; Panksepp, J; Reiss, D; Edelman, D; Van Swinderen, B; Koch, C. “The Cambridge Declaration on Consciousness”. Francis Crick Memorial Conference on Consciousness in Human and non-Human Animals. Cambridge, UK: Churchill College, University of Cambridge. 2012. Disponível em: http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf. Acesso em: 23/05/2021.
  14. Low, P; Lourenço, DB; Tezza, LBL; Castro, LSS; Choma, EF; Molento, CFM. “Declaração de Curitiba”. III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal. Curitiba, Brazil. 2014. Disponível em: http://www.labea.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2014/08/A-Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Curitiba-fica-dispon%C3%ADvel-para-todos-como-um-resultado-concreto-do-III-Congresso-Brasileiro-de-Bio%C3%A9tica-e-Bem-estar-Animal.pdf. Acesso em: 23/05/2021.
  15. Pedrazzani, AS et al. Senciência e Bem-Estar de Peixes: Uma Visão de Futuro do Mercado Consumidor, Panorama da Aquicultura, v. 102, p. 24-29. 2007. Disponível em: https://panoramadaaquicultura.com.br/senciencia-e-bem-estar-de-peixes-uma-visao-de-futuro-do-mercado-consumidor/. Acesso em: 23/05/2021.
  16. OIE. Aquatic Animal Health Code. ed. 22, 2019. Disponível em: https://www.oie.int/en/what-we-do/standards/codes-and-manuals/aquatic-code-online-access/?id=169&L=1&htmfile=chapitre_welfare_introduction.htm. Acesso em: 20/05/2021.
  17. Molento, CFM; Dal Pont, G. Diagnóstico de bem-estar de peixes. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, p. 6. 2010. Disponível em https://www.bvs-vet.org.br/vetindex/periodicos/ciencia-veterinaria-nos-tropicos/13-(2010)/diagnostico-de-bem-estar-de-peixes/. Acesso em: 22/05/2021.

Frangos amontoados

É possível melhorar a vida dos frangos?

A criação do animal terrestre mais abatido no mundo deve ser repensada pela indústria e pelos consumidores.

Amontoados em galpões imensos de granjas, praticamente sem espaço para locomoção e com procedimentos de abate questionáveis: essa é a qualidade de vida que a indústria de frangos de corte tem oferecido aos animais mais abatidos do mundo. Mas será que é possível adotar boas práticas em busca de melhorar a vida destas aves?

Frangos amontoados
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Em 2020, cada brasileiro comeu em média 45 kg de carne de frango, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o que representa um aumento de 5% em relação ao que foi consumido em 2019. Além dessa crescente demanda interna, o Brasil é o maior exportador de frango do mundo, o que fez com que nosso país abatesse mais de 13 milhões de toneladas dessas aves no ano passado. Essa produção em larga escala representa uma cadeia de problemas que afetam não só os frangos, mas também a saúde humana e a de todo o meio ambiente. Portanto, saber como aconteceu a produção do frango que chega embalado no supermercado é importante para repensarmos nossa alimentação e exigir melhores práticas por parte da avicultura industrial. 

A realidade da produção de frangos

Frangos sendo levados para o abate.
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  • Falta de espaço: os frangos, assim como todos os animais, precisam de espaço, local de socialização e exploração, entre outras necessidades para um nível satisfatório de bem-estar, mas a realidade da superlotação dos galpões sequer permite que as aves consigam se deslocar ao longo do galpão.
  • Uso desenfreado de antibióticos: esses medicamentos são utilizados para que os frangos ganhem peso rapidamente, porque facilitam a absorção dos nutrientes da ração e evitam que as aves tenham diarreia. Porém, esse uso indiscriminado de antibióticos cria condições para que surjam bactérias resistentes a esses fármacos, as superbactérias, o que impossibilita o tratamento de doenças causadas por esses patógenos, inclusive em humanos, já que 70% dos antibióticos administrados nos animais são utilizados para o tratamento de doenças em humanos. 
  • Aceleração de crescimento: enquanto uma ave normal atinge menos de 1 kg de peso em quase 60 dias de vida, as de crescimento rápido através de seleção genética apresentam 2,5 kg em 40 dias, ou seja, ganham 50 vezes o valor de seu peso inicial em pouco mais de 1 mês. Isso acaba refletindo em problemas de saúde nos animais, pois como os músculos se desenvolvem muito rápido, seus ossos e órgãos vitais não acompanham esse ritmo, gerando problemas cardiorrespiratórios, locomotores e metabólicos. ⠀ 
  • Ar saturado de amônia: é comum que o ar dos galpões de engorda dos frangos apresentem altos níveis de amônia, em função dos dejetos das aves, o que dificulta a respiração das aves e dos trabalhadores das granjas. 
  • Desenvolvimento de doenças: a produção em larga escala de frangos é propícia para o desenvolvimento de colibacilose e salmonelose aviária, que culmina na contaminação da água e solo, não apenas pelas bactérias em si, mas também pelo excesso de antibióticos utilizados. Alguns dos problemas de saúde causados por E.coli em seres humanos são: gastroenterite, infecção urinária, infecção biliar, pneumonia, meningite, sepse, entre outras. 
  • Abate: Com apenas seis semanas de idade, os frangos já estão prontos para o abate. Nesse curto período de existência, o que se vê são frangos presos em corpos grotescos e enormes, com mobilidade reduzida. Na hora do abate, os frangos são pendurados vivos e conscientes de cabeça para baixo em estruturas metálicas. Além de sentirem dor com o peso do corpo pressionando suas pernas contra essa estrutura, a posição invertida não é nem um pouco natural para as aves, que ficam estressadas e começam a bater suas asas numa tentativa de se levantar

Como melhorar a vida dos frangos

Galinhas em santuário
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Enquanto surgem cada vez mais compromissos públicos da indústria sobre boas práticas na criação de animais como o suínos e galinhas poedeiras, o bem-estar dos frangos segue sendo negligenciado em detrimento da maximização de lucros a qualquer custo. A Alianima dialoga com a indústria da avicultura de corte brasileira para rever esse cenário e implementar práticas de bem-estar animal, como: 

  • Reduzir a lotação de animais no galpão;
  • Fornecer enriquecimento ambiental;
  • Criar de raças de crescimento mais lento;
  • Incentivar uso de alternativas ao antibiótico, como enzimas e óleos essenciais;
  • Tornar o método de abate mais eficaz e evitar a prática de perdura; 
  • Adquirir selo de certificação do bem-estar animal. 

Ao consumidor, cabe sempre a reflexão: vale a pena esse sofrimento para a conveniência do seu paladar? Pensar em reduzir o consumo é um ótimo começo para tentar uma alimentação ética que não contribua com práticas cruéis que desrespeitam esses seres sencientes.

Saiba mais sobre nossa atuação na Indústria de frango de corte no Observatório Animal

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Alianima assina carta aberta que reforça a importância do bem-estar dos peixes

Mais de 20 organizações de conservação do oceano e em defesa dos animais reiteram em carta aberta que peixes são seres são sencientes e devem ser protegidos através da conscientização dos consumidores.

Texto original versão em inglês

Peixes sendo pescados ao amanhecer. Alianima;carta aberta;bem-estar;peixes
FAO Aquaculture Photo Library / Kevin Hudson 

A vida na Terra só é possível graças aos oceanos, já que eles produzem a maior parte de oxigênio da atmosfera e absorvem um terço das emissões de dióxido de carbono. Apesar da sua evidente importância para a manutenção da vida no Planeta, os animais marinhos, essenciais para a biodiversidade desse ambiente, estão sob grave ameaça humana

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 93,8% das populações de peixes estão sendo pescadas no limite máximo absoluto sustentável ou acima dele. Enquanto aproximadamente 100 bilhões de animais aquáticos são criados em cativeiro, estima-se que algo entre 2 e 3 trilhões são capturados na natureza para satisfazer a crescente demanda de consumo alimentar humano. Esses números são 35 vezes superiores ao de todos os animais terrestres criados no planeta. É inegável que estamos negligenciando a qualidade de vida dos animais aquáticose eles estão sentindo.

Peixes merecem viver com bem-estar. Alianima;carta aberta;bem-estar;peixes
Unsplash

Evidências apontam que peixes têm capacidade de sentir dor e sofrer igual aos seus primos terrestres, ou seja, eles também são seres sencientes. Além de práticas dolorosas aos animais, a exploração predatória (sobrepesca) é responsável por dizimar populações inteiras de peixes e outros animais marinhos que podem caminhar rumo à extinção total, gerando desequilíbrio em todo o sistema.

As pautas de bem-estar animal pouco consideram esses animais, e o consumidor final, parte essencial do sistema, não sabe o que está acontecendo.

Existem soluções:

Este cenário crítico desencadeou um movimento liderado pela Aquatic Life Institute (ALI) com a formação da primeira aliança do mundo criada para defender o bem-estar dos animais aquáticos. A Aquatic Animal Alliance (AAA) é formada por mais de 20 organizações internacionais, incluindo a Alianima.

A aliança acredita que uma ação urgente é necessária para mudar a forma que pensamos sobre a fauna aquáticas e começar a levar em consideração o bem-estar destes animais Para tanto, é indispensável a contribuição dos consumidores para pressionar os produtores e exigir legislações e certificações criteriosas para construir um sistema sustentável de produção alimentar o mais rápido possível.

A carta aberta redigida pela coalizão sobre o tema, explica como os consumidores podem ajudar a garantir o bem-estar dos peixes e da vida marinha. Por exemplo: 

– Comece a enxergar os animais como indivíduos, e não como estoque;

– Se você puder, substitua os produtos de origem animal por opções nutritivas à base de plantas;

– Se você não puder fazer isso, reduza seu consumo de peixes o máximo possível;

– Compartilhe esta ideia nas suas redes e círculos sociais, para que mais pessoas fiquem conscientes desse problema que é de todos nós. 

Saber o impacto que nossas escolhas alimentares têm no mundo é o primeiro passo para uma vida mais justa para todos os seres. 

O mar não é infinito. E seus habitantes também não. 

Veja 5 motivos para repensar o consumo de peixe.

Uma porca interage com seus filhos atrás de grades

Por que as celas de gestação de suínos estão em discussão?

Prática de confinar porcas grávidas em celas de gestação de suínos levanta debate mundial sobre o bem-estar destes animais.

São muitas as crueldades da pecuária com os animais de produção, mas as celas de gestação de suínos passam de todos os limites éticos e é considerada a pior segundo inúmeros pesquisadores e profissionais da área. Mas, pela sua evidente nocividade a estes animais sencientes, não é preciso ser especialista para condenar a prática, muito menos combatê-la.

Porca prenha em cela de gestação de suínos.
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O Brasil é o 4º maior exportador de carne suína no mundo, segundo dados da ABPA de 2020, criando mais de 2 milhões de porcas reprodutoras (matrizes) para gerarem os porcos que vão para o abate. Para ser mais rentável e requerer menos mão-de-obra, as porcas são colocadas em celas individuais, que têm praticamente o tamanho do seu corpo, o que impede seus movimentos. Além do desconforto físico, os animais não conseguem interagir decentemente entre si, explorar o ambiente, nem construir ninho antes do parto. Essa baixa atividade gera problemas locomotores, como a manqueira, urogenitais, atrofia muscular e distúrbios comportamentais.

Além dos fatores a que as mães são submetidas, os leitões também são alvos de práticas impiedosas logo depois de nascerem. Em granjas comerciais de criação de suínos, esses filhotes são retirados do convívio materno aos 21 dias de vida, um mês antes do que aconteceria na natureza. Logo após a separação da mãe, são encaminhados para baias onde se alimentam exclusivamente de ração, o que não é o ideal, Também é muito comum realizar nos leitões procedimentos intensamente dolorosos sem anestesia ou cuidados posteriores, como castração e cortes de dentes, orelhas e caudas.

Uma porca interage com seus filhos atrás de grades
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Hoje, felizmente, existe a Instrução Normativa 113, de 16 de dezembro de 2020, onde são estabelecidos padrões e condutas favoráveis ao bem-estar desses animais na indústria. Diversas granjas já começaram a adotar práticas de bem-estar animal como alojamento conjunto das matrizes em fase de gestação em baias grandes. Contudo, ser um consumidor consciente é a melhor maneira de não colaborar com a perpetuação desta realidade. Estar atento à origem do seu alimento e evitar, se possível, a compra de produtos que ainda são produzidos por esses sistemas ajuda a acelerar a adoção de melhores práticas que contemplem o bem-estar animal.⠀

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A Alianima trabalha para reduzir o sofrimento dos animais utilizados na produção de carne suína ao dialogar com a indústria para pôr fim ao uso de celas de gestação e proporcionar melhores condições de manejo de leitões. Para saber mais sobre como nosso trabalho impacta a vida desses animais, acesse o Observatório Suíno 2020.

Most laying hens are housed in battery cages containing up to five birds per cage. Bodies of dead hens are discarded either in between the cage rows or amidst the piles of urine and feces below the cages. Workers feeding the hens or collecting the eggs wear face coverings to avoid inhaling the toxic dust and ammonia in the air. 

Access to these kinds of spaces is restricted, rare, and often fleeting. Our visit into this egg farm was facilitated through a partnership with the local animal advocacy group EAST (Environment & Animal Society of Taiwan). Thanks to our partnership with NGOs like EAST, we are not only able to capture these poignant images, but we’re also able to supply local advocacy groups with the visuals they need to launch successful, targeted campaigns against the animal industries in their own backyards. Since documenting the conditions of the caged hens, EAST has used the images and video in campaigns calling for an end to battery cage farming systems.

Movimento livre de gaiolas quer minimizar impactos na vida das galinhas poedeiras

Mais de 90% da produção industrial de ovos no Brasil ainda é feita sob sistema que fere a integridade dessas aves

Imagine passar a sua vida confinado em gaiolas empilhadas, tendo direito a uma área menor que uma folha A4 e só saindo dessa situação para o abate. Parece, no mínimo, estressante, não é? Infelizmente essa é a realidade cruel da maioria das galinhas que produzem ovos no nosso país. Elas são submetidas a um tipo de criação de confinamento intensivo que despreza seu bem-estar físico e mental. A boa notícia é que o movimento livre de gaiolas quer minimizar esse sofrimento em todo o mundo, mas, para que ele obtenha êxito, é preciso que a indústria de ovos e os consumidores estejam comprometidos. 

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Os problemas de uma criação convencional 

Gaiolas são um ambiente totalmente inadequado para manter as aves (ou quaisquer animais vivos), e isso só piora quando elas são empilhadas para maior aproveitamento de espaço nos galpões, sistema chamado de “gaiolas em bateria”. Essa prática visa o maior lucro por parte da indústria e desconsidera as muitas atrocidades decorrentes. Veja algumas delas:

–  A aglomeração facilita a disseminação de doenças respiratórias, como a gripe aviária e a coriza infecciosa;

– É bastante comum observar algumas aves mortas em decomposição ao lado das vivas, o que contribui para a infestação de larvas e moscas;

– Elas não conseguem caminhar, abrir suas asas, ou interagir socialmente, o que leva a distúrbios comportamentais como o canibalismo, que é o ato das aves bicarem umas às outras, podendo causar ferimentos ou morte;

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Banir as gaiolas é o primeiro passo 

Com o sistema livre de gaiolas, a galinha fica solta e com mais espaço para viver, o que a estimula a agir naturalmente. Por mais que ainda esteja confinada nos galpões, sua qualidade de vida melhora consideravelmente. Além de mais espaço, há poleiros, área para ninho, substrato para tomar banho de terra e para explorar. Essas medidas de enriquecimento ambiental são fundamentais para estímulos sensoriais, sociais e psicológicos das aves e portanto ferem menos seus direitos enquanto seres sencientes. 

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No Brasil, ainda não existe legislação que regulamente a produção de ovos livres de gaiolas, mas em alguns outros lugares do mundo essa é uma pauta avançada que nos aponta para um caminho promissor. Países como Suíça, Áustria, Luxemburgo e Butão, por exemplo, já baniram completamente o sistema de gaiolas. 


Se você é consumidor de ovos e acredita que as aves merecem condições melhores de vida, conheça as tipos de criação que dá origem aos ovos (add link dos tipos de criação blog) que você consome e acompanhe no Observatório Animal os compromisso públicos das empresas que se comprometeram a não utilizar mais ovos e/ou derivados de galinhas alojadas em gaiolas. 

As galinhas, assim como você, merecem ser livres. 

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De onde vem o ovo? Conheça os sistemas de produção

Escolher ovos considerando o sistema de produção que contemple bem-estar das galinhas é primordial para quem busca uma alimentação mais ética 

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Consumir ovos no Brasil não é tarefa difícil: você os encontra nas prateleiras do mercado, na feira, nas kombis pelas ruas, e em variados tipos, cores e preços. Com o aumento expressivo do preço da carne nos últimos anos, esse tipo de alimento virou protagonista em muitos lares brasileiros, tendo batido recorde do consumo em 2020 – em média 251 ovos por pessoa – número maior do que a média do cidadão mundial. Portanto, conscientizar-se sobre os diferentes sistemas de produção desse setor é cada vez mais urgente, principalmente por conta das galinhas poedeiras. 

 Em 2019, o sistema convencional de produção de ovos, ou seja, proveniente de galinhas em gaiolas em bateria (empilhadas), era correspondente a 99,5% do mercado. Gaiolas são um ambiente totalmente inadequado para manter as aves (ou quaisquer animais vivos). Na indústria de ovos são mantidas em média 15 aves por metro quadrado, o que corresponde a menos de uma folha A4 para cada uma. Esse sistema visa o lucro e desconsidera as aves, que nessas condições, sofrem com lesões, doenças e distúrbios comportamentais. Além desses graves problemas de manejo, cada galinha bota cerca de 300 ovos por ano, mais que o dobro do que é produzido por galinhas criadas no sistema caipira, o que apenas reitera como os processos convencionais são dolorosos e antinaturais. 

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Se você ainda consome ovos é importante levar em consideração as problemáticas dos sistemas de criação das galinhas e estar atento para escolher as que ferem menos o bem-estar desses animais. A identificação da forma como são criadas está (ou deveria estar) na embalagem dos ovos, facilitando nosso reconhecimento rumo a uma alimentação eticamente positiva. Lembrando que a cor da casca dos ovos não tem esse poder. Também é interessante ficar de olho nas empresas que vêm se comprometendo a não utilizar mais ovos e/ou derivados originados de galinhas alojadas em gaiolas. Veja a lista no Observatório Animal. 

Então, antes das suas próximas compras, conheça os diferentes tipos de criações de galinhas poedeiras: 

🥚 Ovos convencionais: Galinhas que passam 100% da vida produtiva em gaiolas empilhadas 

🥚 Ovos livres de gaiolas: Galinhas em galpões, porém, soltas. Há poleiros, ninho e terra, recursos essenciais para essa espécie.

🥚 Ovos caipiras: Galinhas de raças rústicas livres de gaiolas e com acesso à área externa. O uso de medicamentos, como antibióticos, é restrito.
🥚 Ovos orgânicos: Galinhas livres de gaiolas e com acesso à área externa. Sua alimentação é basicamente orgânica e há uma lista bem restrita de medicamentos que podem ser administrados.

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Se possível, considere formatos de produção que contemplem o bem-estar animal ou mesmo reduzir ou eliminar o ovo da dieta. Opções no mundo vegetal não faltam, e as galinhas agradecem.