salmão

5 fatos surpreendentes que você deve saber antes de comer salmão

Antes de comer o próximo sushi a preços duvidosos ou pedir uma fina posta de salmão ao molho de maracujá, veja como o consumo desse peixe no Brasil carrega questões relacionadas à saúde e à falta de conhecimento, além de problemas ambientais e de bem-estar animal 

5 fatos surpreendentes sobre o salmão

O salmão é um peixe muito apreciado pela culinária brasileira e, convenhamos, superestimado também. Pintado pela indústria e impulsionado pela publicidade como um alimento saudável, prático, versátil e até mesmo chic, ouvimos nas feiras livres que ele “é fresquinho, freguês”, e no supermercado é possível encontrá-lo junto a outras carnes de pescado com esse mesmo adjetivo. No entanto, o que poucos sabem é que os salmões consumidos aqui no Brasil são trazidos de longe, provenientes de sistemas de criação intensivo (confinado) do Chile, há milhares de quilômetros daqui. Esse sistema é realizado diretamente no oceano, o que causa sérios impactos negativos, tanto para o bem-estar desses animais como para o meio ambiente. Além disso, esses peixes têm problemas de saúde, recebem grande quantidade de substâncias artificiais ou tóxicas e são alimentados com ração de restos de outros peixes, ou seja, nada sustentável. 

Assim, o salmão que mais encontramos à venda aqui no Brasil em feiras e supermercados, que é o salmão do Atlântico (Salmo salar), carrega diversos problemas, inclusive relacionados à saúde pública. Veja 5 fatos surpreendentes que você deve saber antes de comer salmão:

1- Alô, alô freguesia! Salmão fresquinho (só que não)! 

Já se deparou com o salmão sendo vendido como fresco no Brasil? Pois é, acontece que estão te enganando. O salmão do Atlântico é encontrado naturalmente na região norte do oceano Atlântico, tanto no lado europeu quanto no lado norte-americano, ocorrendo também ao redor das ilhas do Atlântico Norte, como o Reino Unido, a Islândia, e a Groenlândia. Ou seja, não existem salmões nativos em águas brasileiras. Por ser um peixe de água fria, também não existem, até hoje, fazendas de produção de salmão no Brasil. O salmão que se consome aqui é, em sua grande maioria, importado do Chile, sendo proveniente de fazendas de produção que se desenvolveram a partir da introdução dessa espécie no país.

Para que os salmões do Atlântico criados no Chile cheguem até o Brasil, podem ser transportados de avião, mas muitas vezes acabam sendo transportados em caminhões refrigerados por milhares de quilômetros, podendo levar dias e dias para chegar aqui, dependendo da região, ou seja, nada frescos! 

2 – Salmão vendido no Brasil é colorido artificialmente.

Salmão que não é da cor salmão? Te explicamos! A cor avermelhada, que é uma característica marcante dos peixes conhecidos popularmente como salmão, vem da alimentação desses animais na natureza. Os salmões são peixes carnívoros que, em ambientes naturais, alimentam-se basicamente de insetos aquáticos, outras espécies de peixes e de crustáceos, incluindo camarões. Esses crustáceos são animais que se alimentam de algas ricas em astaxantina – um carotenoide de cor rosa-avermelhada. É esse carotenoide das algas, presentes nos crustáceos dos quais os salmões se alimentam, que é responsável pela coloração avermelhada característica desses peixes. Ou seja, o salmão não nasce com essa cor, mas ele vai adquirindo essa coloração conforme vai crescendo, alimentando-se e se desenvolvendo. 

Mas, quando os salmões são criados em cativeiro, eles comem ração em vez dos crustáceos ou de outros animais que estão acostumados a predar na natureza. Assim, para efeitos estéticos que agradem o consumidor, os produtores adicionam um corante artificial, ou seja, uma astaxantina sintética, à ração oferecida aos peixes em sistemas de produção. Sem isso, a carne do salmão cultivado seria branca, como no caso de outros peixes. 

3 – Ração aditivada com antibióticos 

Os salmões chilenos são cultivados em sistemas intensivos de criação, mais especificamente em tanques-rede que se assemelham a ‘gaiolas’ flutuantes no mar. Nesses sistemas, em que os peixes são mantidos em altas densidades, não é difícil imaginar que o surgimento e a propagação de doenças possam ocorrer facilmente. Para evitar esse problema, os produtores acabam usando uma quantidade muito elevada de antibióticos na ração que oferecem aos salmões. Isso é prejudicial para a saúde dos peixes, para a saúde das pessoas que se alimentam desses salmões e também para o ambiente marinho. 

O uso desenfreado de antibióticos na ração aumenta consideravelmente a chance do aparecimento das famosas ‘superbactérias’, que resistem a medicamentos comuns usados no tratamento de doenças em seres humanos. Ou seja, isso envolve questões importantes de saúde pública, como já alertado por outras organizações, como a Oceana. Tudo errado!

4 – Salmão pode ter… piolhos!

O piolho do mar é o nome popular de um pequeno crustáceo parasita que pode se alojar externamente na pele dos peixes. Esses ‘piolhos’ podem parasitar salmões e é claro que quando esses peixes ocorrem em altas densidades – como no casos dos sistemas intensivos de produção no Chile – o problema de infestação pode ser bem pior. Esses pequenos crustáceos se alimentam da pele e do muco dos seus hospedeiros, sendo que salmões parasitados ficam com seu bem-estar prejudicado e também mais susceptíveis a doenças, podendo até morrer em função da infestação desses parasitas. Esse é um grande problema nas fazendas de produção, que inclusive pode gerar aumento no preço do salmão.

Essa questão também coloca em risco a qualidade do alimento que chega ao prato das pessoas, pois até pesticidas são usados na tentativa de eliminar os parasitas. Os produtores chegam a cultivar espécies de peixes conhecidos como ‘limpadores’ – que se alimentam desses parasitas – junto com os salmões, mas ainda não existe uma maneira totalmente eficaz de resolver esse problema nas fazendas. 

5 – Truta salmonada disfarçada de salmão?

Embora no Brasil não seja possível pescar nem produzir salmão, é possível criar trutas, que são peixes da mesma família dos salmões, os salmonídeos. E há espécies de trutas que são muito similares aos salmões, como a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss). Aqui no nosso país, é possível encontrar as ‘trutas salmonadas’, que nada mais são do que trutas arco-íris criadas em sistemas de produção que passaram pelo processo de ‘salmonização’. Esse processo basicamente se refere à ingestão de ração que contém o corante artificial astaxantina. Assim como no caso do salmão cultivado, quando a truta se alimenta dessa ração com corante em cativeiro, ela desenvolve, de forma artificial, a coloração alaranjada típica do salmão. 

E tem mais: embora a truta salmonada seja corretamente identificada para o consumidor em alguns casos, como ela tem uma coloração semelhante ao salmão, mas é mais barata, acaba sendo vendida como se fosse o próprio salmão! E aí os consumidores acabam sendo enganados mais uma vez!

Chocou? Calma que ainda não acabou! 

Impacto ambiental

O cultivo de salmões em sistemas intensivos de produção também traz sérios problemas para o meio ambiente. A alimentação dos salmões nesses sistemas é uma ração feita à base de farinha e óleo de peixe com a já mencionada adição de corantes e antibióticos. Como nesses sistemas os peixes estão em ‘gaiolas’ no mar, uma grande quantidade de dejetos e substâncias potencialmente danosas provenientes das rações é despejada diretamente no ambiente, trazendo sérios prejuízos para o ecossistema marinho. Sem contar que, para produzir 1 kg dessa ração, são necessários entre 3 a 5 kg de peixes, uma equação nada sustentável para o equilíbrio ambiental.

Outro sério problema ambiental são os escapes dos salmões. Como as ‘gaiolas’ de cultivo estão dentro do oceano, alguns peixes podem escapar em regiões onde não ocorrem naturalmente, como é o caso das águas chilenas. Salmões são peixes carnívoros e naturalmente agressivos – defendem territórios, e caso escapem, podem acabar predando animais da fauna local e competindo com outras espécies de peixes, chegando até mesmo a transmitir doenças e parasitas – como os piolhos do mar – para essas espécies.   

Sérios problemas de bem-estar animal

Outro grave problema se refere ao bem-estar dos próprios salmões. Além da questão das densidades muito elevadas em que são submetidos nesses tanques-rede flutuantes e de ingerirem corantes artificiais e antibióticos sem necessidade, os salmões também são impossibilitados de exercer outros comportamentos naturais dentro de cativeiros, tais como predação e migração.

E se o salmão não migra, ele também não consegue se reproduzir naturalmente. Você deve se lembrar que o salmão é conhecido por ser uma espécie super migratória em vida livre, capaz de migrar por milhares de quilômetros para se reproduzir, uma verdadeira epopeia aquática que começa na água salgada e termina na água doce. Nos tanques flutuantes em que são mantidos, esse extraordinário comportamento do salmão acaba sendo restrito ao diâmetro do tanque.

Da próxima vez que você cogitar comer salmão, drible o marketing, lembre-se desses 5 fatos surpreendentes e faça escolhas coerentes com o que você acredita.

Quer saber mais sobre a importância do bem-estar dos peixes? Acesse gratuitamente a publicação da Alianima ‘Por que e como melhorar o bem-estar de peixes’

peixes realmente sentem dor

Você sabia que os peixes realmente sentem dor?

Esses animais não humanos possuem o aparato anatômico-fisiológico que permite perceber a dor, processar essa informação no cérebro e desencadear comportamentos complexos em resposta.

A questão sobre a possibilidade dos peixes sentirem dor foi (e ainda é!) motivo de intensas discussões na área de comportamento e bem-estar animal. Mas o peso das evidências científicas de que os peixes realmente são capazes de sentir dor vem se acumulando consideravelmente ao longo dos anos, a ponto de que não podemos mais negar essa ideia. E isso apresenta implicações diretas na forma como lidamos com esses animais não humanos nos sistemas de produção, na pesca, nos laboratórios ou mesmo em aquários ornamentais. 

Os peixes vivem na água, o que por si só representa um mundo à parte bem diferente de onde nós, seres humanos, vivemos. É um ambiente com suas próprias características e singularidades, com seus próprios desafios, que muitas vezes são diferentes do ambiente terrestre. Os peixes são animais pecilotérmicos, ou seja, regulam sua temperatura corporal de acordo com a temperatura do ambiente, o que é diferente do que acontece nos humanos. Eles também não têm expressões faciais ou corporais muito semelhantes às nossas. Talvez todas essas diferenças muitas vezes sejam um entrave para aceitar a ideia de que eles são animais não humanos que, assim como nós, podem sim sentir dor, dentre outras emoções

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Mas não são as diferenças com o ser humano que importam, e sim o que a ciência diz sobre a capacidade dos peixes sentirem dor. Veja algumas evidências científicas relevantes:

  • – Peixes têm células receptoras “de dor” e processam a informação dolorosa: Há diversas pesquisas que apontam para o fato de que ao menos algumas espécies de peixes possuem as células receptoras de estímulos dolorosos (nociceptores), além de fibras condutoras ativas desses estímulos [1] [2] [3] – conhecidas como fibras C e fibras A-delta – que servem como uma espécie de ‘caminho’, conduzindo essa informação para o cérebro dos peixes. Os estudos também têm demonstrado que a informação do estímulo que causa dor é então processada no cérebro [2] [3] [4] e acaba desencadeando respostas comportamentais que vão muito além de um mero reflexo [2]. E é difícil imaginar que todo esse aparato anatômico-fisiológico esteja presente apenas nas espécies de peixes em que já foi investigado.
  • – Peixes com dor não respondem apenas com meros reflexos: Retirar instantaneamente a mão do fogo para não se queimar é uma resposta reflexa que um ser humano faz automaticamente, ou seja, não é necessário processar a informação no cérebro para realizar o movimento. Por outro lado, esfregar uma região machucada ou queimada na tentativa de amenizar a dor posteriormente é algo que requer o envolvimento de consciência. No caso dos peixes, isso não é diferente. Há estudos que trazem as alterações comportamentais complexas que os peixes são capazes de fazer quando em situações em que estão sentindo dor. Por exemplo, quando vinagre foi injetado nos lábios da truta-arco-íris, esses peixes começaram a esfregar a região afetada no cascalho do fundo ou mesmo nas paredes do aquário [2]. 
  • – A dor afeta seus comportamentos naturais: Os peixes normalmente têm uma aversão inicial por objetos novos inseridos no ambiente – assim como muitos outros animais, mas em situações dolorosas eles perdem essa resposta, ou seja, eles perdem esse medo natural quando estão com dor [5]. Se os peixes já estavam previamente condicionados a buscar alimento na superfície da água quando a luz do ambiente acende – algo que pode ser facilmente observado em aquários ornamentais –  eles simplesmente deixam de apresentar essa resposta se estiverem com dor [1]. Isso deve ocorrer porque a dor desvia a atenção do peixe, afetando seu comportamento – assim como pode acontecer com um ser humano com dor. Essas respostas não podem ser encaradas como um simples reflexo desses animais não humanos.
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  • Peixes tentam evitar a dor: Os peixes são até capazes de modular sua resposta comportamental ao estímulo doloroso dependendo das circunstâncias. Por exemplo, um estudo mostra que o peixinho dourado e a truta-arco-íris aprendem rapidamente a evitar regiões específicas do aquário se eles tomarem choques elétricos nessas regiões [6]. Mas, no caso da truta, os indivíduos foram capazes de tolerar choques mais fracos para ficarem perto de outros peixes da própria espécie [6], tamanha a importância da socialização para a truta. 
  • – Se receberem analgésicos voltam a se comportar naturalmente: Uma vez que o estímulo doloroso tenha sido percebido pelos peixes, desencadeando claras alterações comportamentais em resposta, o comportamento natural desses indivíduos pode voltar ao normal se eles receberem analgésicos! Tem estudo mostrando que os peixes voltam a expressar o medo natural de se aproximar de objetos novos no aquário ao tomarem analgésicos após receberem um estímulo nocivo [5]. 
  • – Peixes sentem outras emoções além da dor: Medo é outra emoção que os peixes demonstram nos estudos [2], assim como estresse e ansiedade. Inclusive há espécies que são usadas como modelo experimental em estudos sobre ansiedade [7]. Ou seja, além da dor, esses animais são capazes de sentir outras emoções negativas que causam sofrimento. Eles também podem sentir emoções positivas, como alguns pesquisadores já estão argumentando, embora menos da metade dos brasileiros reconheça que os peixes são capazes dessas emoções, segundo uma pesquisa da Faunalytics

Existem posicionamentos contrários?

Diante de tantas evidências científicas, fica difícil negar que peixes sentem dor. Mesmo assim, ainda existem pesquisadores que defendem essa ideia com base em argumentos de que os peixes não têm as regiões corticais específicas que são associadas ao processamento cerebral da dor em mamíferos [8] [9], ou mesmo que as fibras condutoras mais associadas à dor crônica em mamíferos (fibras C) são raras em peixes [9]. Mas não é porque não existem regiões cerebrais especializadas exatamente onde elas ocorrem em mamíferos, que tais regiões realmente não existam em peixes. Mesmo a ausência dessas regiões cerebrais não deve ser encarada como um impedimento para realizar comportamentos que são associados a elas nos seres humanos. 

Os peixes são capazes de usar diferentes lados do cérebro para realizar atividades distintas – algo que se chama lateralização [10] – mesmo considerando que a região do neocórtex cerebral é ausente nesses animais, sendo que no ser humano essa é uma região bem associada à capacidade de lateralização. E mesmo tendo em conta que as fibras mais associadas a dor crônica em mamíferos (fibras C) sejam mais raras em peixes, isso não significa que eles não sejam capazes de sentir dor, pois ao menos as fibras associadas a dor aguda nos mamíferos (fibras A-delta) são frequentes em peixes, como demonstram os estudos [1] [2]. E veja que ser raro não significa ser inexistente!

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Animais complexos

Assim, mesmo que os peixes não sejam capazes de sentir a dor da forma especializada como os mamíferos sentem – incluindo os seres humanos, isso não quer dizer que eles não sejam capazes de sentir dor de alguma forma. Do ponto de vista evolutivo, é adaptativo para os animais em geral perceber estímulos nocivos que podem ser muito prejudiciais ao organismo. Com isso, os animais humanos e não humanos – incluindo os peixes – podem evitar esses estímulos em eventos futuros. A evolução geralmente ocorre em passos graduais ao longo do tempo, o que torna improvável a ideia de que sentir dor, da forma complexa como ela é nos seres humanos, tenha surgido apenas nos mamíferos. Inclusive, um estudo de revisão relatou que a biologia do sistema relacionado à percepção da dor em peixes é surpreendentemente semelhante àquela que é encontrada nos mamíferos [11]. 

Peixes usam ferramentas, constroem ninhos, cooperam com outros indivíduos da própria espécie ou mesmo de outras espécies, são capazes de aprender comportamentos complexos, têm memória que pode durar meses e são até capazes de reconhecer e diferenciar rostos humanos! Há inúmeros estudos mostrando as mais diversas e surpreendentes capacidades cognitivas dos peixes, o que também sugere que eles sejam animais sencientes, ou seja, capazes de sentir ao menos as emoções mais básicas, tais como a dor. Como afirma a renomada Victoria Braithwaite em seu livro ‘Do Fish Feel Pain?’ [12] sobre a questão da dor em peixes, pelos experimentos e resultados que ela reúne no livro é evidente que eles sentem dor e isso deve mudar a forma como nós pensamos e agimos em relação a esses indivíduos.

Quer saber mais sobre este assunto? Veja o Papo Reto – Afinal, peixes sofrem?

Carol M. Maia é especialista em peixes da Alianima, bióloga, doutora em zoologia na área de comportamento e bem-estar animal e especialista em jornalismo científico.

Referências: 

1. Sneddon L. U., Braithwaite, V. A. e Gentle, M. J. (2003). Do fishes have nociceptors? Evidence for the evolution of a vertebrate sensory system. Proceedings of the Royal Society B, 270 (1520): 1115-1121.

2. Braithwaite V. A. e Boulcott P. (2007). Pain perception, aversion and fear in fish. Diseases of Aquatic Organisms, 75: 131-138.

3. Dunlop R. e Laming P. (2005). Mechanoreceptive and Nociceptive Responses in the Central Nervous System of Goldfish (Carassius auratus) and Trout (Oncorhynchus mykiss). The Journal of Pain, 6 (9): 561-568.

4.  Nordgreen J., Horsberg T. E., Ranheim B. e Chen A. C. N. (2007). Somatosensory evoked potentials in the telencephalon of Atlantic salmon (Salmo salar) following galvanic stimulation of the tail. Journal of Comparative Physiology A, 193: 1235-1242.

5. Sneddon L. U., Braithwaite, V. A. e Gentle, M. J. (2003). Novel object test: examining nociception and fear in the rainbow trout. The Journal of Pain, 4 (8): 431-440.

6. Dunlop R., Millsopp S. e Laming P. (2006). Avoidance learning in goldfish (Carassius auratus) and trout (Oncorhynchus mykiss) and implications for pain perception. Applied Animal Behaviour Science, 97 (2-4): 255-271.

7. Maximino C., de Brito T. M., Dias C. A. G. D., Gouveia A., Morato S. (2010). Scototaxis as anxiety-like behavior in fish. Nature Protocols, 5(2): 209-216.

8. Rose, J. D. (2002). The Neurobehavioral Nature of Fishes and the Question of Awareness and Pain. Reviews in Fisheries Science, 10(1):1-38.

9. Rose, J. D., Arlinghaus R., Cooke S. J., Diggles B. K., Sawynok W., Stevens E. D. e Wynne, C. D. L. (2014). Can fish really feel pain? Fish and Fisheries, 15(1): 97-133.

10. Vallortigara G. e Bisazza A. (2002). How ancient is brain lateralization? In L. Rogers & R. Andrew (Eds.), Comparative Vertebrate Lateralization (pp. 9-69). Cambridge: Cambridge University

Press.

11. Sneddon, L. U. (2019). Evolution of nociception and pain: evidence from fish models.  Philosofical Transactions of the Royal Society B-Biological Sciences, 374 (1785): 20190290.

12. Braithwaite V. A. (2010). Do fish feel pain? Oxford University Press: New York, USA. 194 p.

Conheça os 5 pilares de bem-estar de peixes

Peixes são espécies capazes de experimentar dor, medo e estresse e merecem atenção nas pautas de bem-estar animal  

Há quem diga que o ser humano é o animal mais estressado da Terra, mas a forma como os animais são tratados pela indústria alimentícia coloca em cheque essa teoria: há mais seres estressados por aí do que queremos acreditar, e os peixes, altamente explorados e muitas vezes deixados de lado nas discussões de bem-estar animal, também estão sofrendo desse mal. 

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O hormônio cortisol está presente tanto no nosso organismo como no dos peixes, e é liberado em condições estressantes, o que reforça as evidências de que os peixes são seres sencientes que reagem a diferentes estímulos, assim como os demais animais vertebrados. Por conta das práticas da piscicultura intensiva e semi-intensiva, como manejo incorreto, alta densidade populacional e baixa qualidade de água, o que não faltam são motivos para que esses animais vivam com sofrimento. 

É importante mitigar essas e outras problemáticas, para que promovam um ambiente saudável e para a melhoria do bem-estar dessas espécies que sentem, tanto por parte da indústria de pescado quanto por parte dos consumidores. Vamos pensar sobre isso? 

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Como melhorar o bem-estar dos peixes? 

Apesar de ainda caminhar lentamente em comparação ao que acontece com outros animais, a pauta de bem-estar dos peixes tem dado importantes passos. Por exemplo, os peixes possuem normativas de bem-estar publicadas pela Organização Mundial da Saúde Animal, a OIE, cujo Brasil é signatário. Para constar nessa normativa, o animal precisa possuir a capacidade de sentir estímulos e sensações de forma consciente, e os peixes, como falamos antes, correspondem a essa premissa. 

Os peixes são animais de grupos taxonômicos muito diferentes, o que dificulta a definição de padrões de bem-estar que atendam todas as espécies, mas melhorias no ambiente e manejo desses animais são possíveis! Após consultar especialistas em todo o mundo, a Gava (Global Aquatic Veterinary Association), primeira coalizão internacional de veterinários em prol do bem-estar de animais aquáticos, levantou cinco pilares para melhorar a qualidade de vida dos peixes. Veja quais são: 

Pilar 1 – Alimentação 

O Aquatic Life Institute estima que cerca de 1,2 trilhão de animais aquáticos sejam usados todos os anos para a alimentação de outros animais na cadeia de abastecimento. Como seres sencientes, é importante reduzir a quantidade desses animais que são capturados na natureza para a alimentação de outros, considerando fontes alternativas de alimentos, melhorando as taxas de conversão alimentar e substituindo as espécies carnívoras cultivadas por espécies herbívoras. Além disso, é importante que os peixes recebam alimentação em quantidade e formulação adequadas, a fim de garantir a sua saúde e bem-estar. A prática de jejuns prolongados no período pré-abate, embora comum nesse setor, pode ter como consequências o canibalismo, a perda de peso e a erosão das nadadeiras, devendo ser evitada.

Pilar 2 – Enriquecimento Ambiental 

Essa é uma das áreas mais negligenciadas do bem-estar dos animais aquáticos. Para expressar seus comportamentos naturais, eles merecem um ambiente que atenda às necessidades específicas de sua espécie e que seja semelhante ao seu habitat ideal. E o que seria enriquecimento ambiental para os peixes? Depende da espécie, mas podemos citar pedras (de diferentes tipos e tamanhos), pedaços de madeira, iluminação, cores específicas para os tanques, e água corrente. 

Pilar 3 – Lotação 

A piscicultura é uma atividade zootécnica que consiste na criação de peixes em tanques e viveiros com fins lucrativos. Nessa modalidade, os peixes são concentrados com uma alta densidade populacional, criando um ambiente de estresse intenso e crônico, favorecendo a agressividade entre os animais e o surgimento frequente de lesões e infecções. Por essa razão, é importante que sejam mantidos níveis adequados de lotação para as diferentes espécies e estágio de vida para evitar impactos físicos, psicológicos e comportamentais negativos. 

Pilar 4 – Qualidade da água

Na piscicultura, diferentemente da criação de animais terrestres, os peixes vivem, se reproduzem, respiram e lançam os seus dejetos no mesmo ambiente: a água. Por isso, um dos pontos fundamentais é garantir a sua qualidade por meio do monitoramento contínuo, ou pelo menos diário, de parâmetros como níveis de O2 e CO2, temperatura, turbidez, pH, salinidade, entre outros. É importante que essa avaliação seja acompanhada de um plano de ação, caso seja detectada baixa qualidade da água, para evitar prejuízos à saúde e morte dos peixes. 

Pilar 5 – Abate 

A preocupação com o bem-estar de todos os animais usados na aquicultura deve ser mantida ao longo de toda a sua vida, desde a reprodução, passando pelo nascimento, até o abate. Todos os animais devem ser efetivamente atordoados antes de serem abatidos, ou seja, devem estar inconscientes antes que sua morte seja provocada. E o tempo decorrido entre o atordoamento e o abate deve ser minimizado para diminuir o risco de recuperação da consciência. Asfixia em gelo, uso de banhos de sal, CO2 ou amônia não devem ser utilizados, pois não garantem a dessensibilização do animal, que pode permanecer consciente e sofrendo. 

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Se você puder, repense seu consumo de peixes, isso irá impactar a sua saúde e a dos animais. 

Acesse o site do Observatório Animal para saber mais sobre os pontos críticos da piscicultura e as intervenções que podem ser feitas para melhorar a vida desses animais.  

peixes

Declaração de Senciência em Peixes

A senciência refere-se à capacidade de sentir, de entender ou de perceber algo por meio dos sentidos1, sendo um pré-requisito para a discussão da ciência do bem-estar animal. Isso significa que os seres sencientes não apenas detectam, observam ou reagem às coisas ao seu redor, mas também podem sentir algo em resposta. Do ponto de vista evolutivo, a capacidade de receber ou possuir impressões ou sensações auxilia na sobrevivência das espécies e, portanto, não é surpreendente que ela tenha evoluído nos seres humanos e em outros animais, incluindo os peixes2

Os peixes estão entre os animais mais utilizados pelo homem, seja para consumo, pesquisa científica, recreação ou como animais de estimação. Cerca de 1,5 trilhões de peixes são capturados na natureza e até 167 bilhões são cultivados para consumo humano a cada ano em todo o mundo3. Esse número é cerca de 25 vezes maior que todos os animais terrestres abatidos juntos, o que corresponde a aproximadamente 73 bilhões4. Além do impacto devastador sobre as populações de peixes selvagens e o ambiente aquático, os peixes raramente recebem o mesmo nível de empatia ou preocupação com o seu bem-estar do que os outros animais. Apesar de os resultados de pesquisas sobre a opinião pública apontarem que a população acredita que esses animais possuem inteligência e emoções, e que são capazes de sentir dor, eles demonstram um menor grau no reconhecimento da senciência dos peixes do que em relação aos outros animais5,6. Parte desse problema é devido à grande lacuna entre a percepção da população acerca da consciência e senciência dos peixes e a realidade científica. Além de os peixes serem filogeneticamente distantes do homem, em comparação com os mamíferos, não podemos ouvi-los vocalizar e eles não apresentam expressões faciais reconhecíveis, que são pistas primárias para a empatia humana7

Embora a trajetória evolutiva e de desenvolvimento cerebral dos peixes seja diferente da de outros vertebrados, é evidente que existem muitas estruturas análogas que desempenham funções semelhantes nesses animais7. Um conjunto de evidências anatômicas, fisiológicas, comportamentais, evolutivas e farmacológicas sugere que os peixes são capazes de sentir dor, medo e outros sentimentos de maneira similar aos demais vertebrados, e que a sua percepção e as habilidades cognitivas muitas vezes correspondem, ou excedem, a de outros vertebrados7,8. Os peixes têm boa memória, vivem em comunidades sociais complexas onde acompanham os demais indivíduos e podem aprender uns com os outros. Além de cooperarem entre si, eles são capazes de construir estruturas complexas, de utilizar ferramentas e usar os mesmos métodos para controlar as quantidades como nós, humanos. Na maioria das vezes, seus sentidos primários são tão bons quanto os nossos e, em muitos casos, até melhores9,10. Além disso, as estruturas do cérebro que transmitem a dor em outros vertebrados também são encontradas em peixes, indicando que eles são capazes de sentir e reagir conscientemente a diferentes estímulos potencialmente nocivos do ambiente, geralmente acompanhados por uma resposta reflexa de retirada, favorecendo a sua sobrevivência11,12.

O reconhecimento de que os humanos não são os únicos animais com as estruturas neurológicas que geram consciência deu origem à Declaração de Cambridge sobre a Consciência, publicada em 2012 na Universidade de Cambridge, que apresenta a conclusão de um grupo de neurocientistas acerca do tema13. Portanto, admite-se o que foi negado durante tanto tempo: que muitos animais, incluindo todos os mamíferos, as aves e o invertebrado polvo, apresentam consciência. Dois anos mais tarde, a Declaração de Curitiba, assinada por especialistas de renome nacional e internacional, reforça a ideia de que os animais não humanos são seres sencientes e, como tal, não podem ser tratados como coisas14.

Embora os cientistas não possam fornecer uma resposta definitiva sobre o nível de consciência de qualquer vertebrado não humano, a extensa evidência de sofisticação comportamental e cognitiva, e da percepção de dor dos peixes sugere a conduta de estender aos peixes o mesmo nível de proteção dado a qualquer outro vertebrado7. Do ponto de vista do bem-estar animal e da ética, se um animal for senciente, provavelmente poderá sofrer e, portanto, deverá receber algum tipo de proteção. No entanto, durante o manejo e abate de peixes, é comum a realização de práticas sem a devida insensibilização prévia para evitar sofrimento e dor desnecessários15. Pensando nisso, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) publicou o Código de Saúde dos Animais Aquáticos, que fornece padrões para a melhoria da saúde dos animais aquáticos em todo o mundo, incluindo padrões para o bem-estar dos peixes de criação e uso de agentes antimicrobianos em animais aquáticos16. O documento serve de base para auxiliar as autoridades competentes de todos os países signatários, incluindo o Brasil, na elaboração de legislações e normas a respeito do assunto.

Por conseguinte, declaro estar de acordo com a elucidação supracitada. O reconhecimento dos peixes como seres sencientes gera a necessidade de se incorporar a preocupação com seu bem-estar. O diagnóstico de um grau de bem-estar muito baixo também interfere na qualidade final do produto e está associado a perdas econômicas para o produtor17. Portanto, compreender a capacidade de um peixe de sentir dor e sofrimento é particularmente importante em relação à forma como são tratados. Sendo assim, o debate acerca da consciência e senciência animal é de extrema relevância para conscientizar a população e direcionar as ações relativas ao bem-estar desses seres em todas as esferas, sejam elas educacional, científica, legislativa ou produtiva.

“A questão não é ‘eles podem raciocinar?’ nem, ‘eles podem falar?’ mas sim, ‘eles podem sofrer?’” – Jeremy Bentham (1789).

São Paulo, 25 de maio de 2021.

  1. Leticia Lima

(Bióloga, Mestre em Biologia Celular e Molecular)

  1. Patrycia Sato

(Médica Veterinária, Doutora em Bem-Estar de Animais de Produção)

  1. Maria Fernanda Martin

(Zootecnista, Mestre em Bem-Estar Animal)

  1. Ana Silvia Pedrazzani

(Médica Veterinária, Doutora em Ciências Veterinárias)

  1. Fernanda Vieira

(Zootecnista, Doutora em Bem-Estar de Animais de Produção)

  1. Haiuly Viana Gonçalves de Oliveira

(Médica Veterinária, Especialista em Medicina Veterinária do Coletivo e Medicina Veterinária Legal)

  1. Bianca Marigliani

(Bióloga, Doutora em Biotecnologia)

  1. Julia Eumira Gomes Neves Perini

(Médica Veterinária, Doutora em Bem-estar Animal e Professora do Instituto Federal de Brasília)

  1. Murilo Henrique Quintiliano

(Zootecnista, Diretor da FAI Farms do Brasil)

  1. Catalina López Salazar

(Médica Veterinária e Zootecnista, Diretora da Aquatic Animal Alliance)

  1. Daiana de Oliveira

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal e Professora na Swedish University of Agricultural Sciences)

  1. Guilherme Maino de Azevedo

(Zootecnista, Especialista em Comportamento Animal)

  1. Thais Vaz Oliveira

(Médica Veterinária, Especialista em Comportamento Animal)

  1. Anne Elise Landine Ferreira

(Bióloga, Mestre em Comportamento e Biologia Animal)

  1. Monique Valéria de Lima Carvalhal

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal, Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia e da Faculdade de Ensino Superior da Amazônia Reunida) 

  1. Fernanda Macitelli Benez

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal e Professora da Universidade Federal de Mato Grosso)

  1. José Rodolfo Panim Ciocca

(Zootecnista, Gerente de Agropecuária Sustentável da World Animal Protection Brasil)

  1. Cynthia Schuck Paim

(Bióloga, Doutora em Zoologia pela Universidade de Oxford)

  1. Maria Camila Ceballos

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal e Professora na University of Calgary – Canadá)

  1. Karen Camille Rocha Góis

(Zootecnista, Doutora em Bem-estar Animal)

  1. Haven King-Nobles

(Co-fundador e Diretor de Operações na Fish Welfare Initiative)

  1. Iran José Oliveira da Silva

(Engenheiro Agrícola, Doutor em Bem-Estar Animal e Professor da Universidade de São Paulo)

  1. Leonardo Thielo de La Vega

(Médico Veterinário, Diretor da F&S Consulting)

  1. Becca Franks

(Antropóloga, Doutora em Psicologia e Professora de Bem-estar Animal na New York University)

  1. Culum Brown

(Biólogo, Doutor em Comportamento de Peixes, Professor na Macquarie University – Austrália e Editor do Journal of Fish Biology)

  1. Giovana Toccafondo Vieira

(Médica Veterinária, Doutora em Comportamento e Bem-estar animal)

  1. Rosangela Poletto

(Médica Veterinária, Doutora em Ciência Animal, Professora do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, e Membro do Comitê Científico da Certified Humane)

  1. Maria José Hötzel

(Médica Veterinária, Doutora em Zootecnia, Professora da Universidade Federal de Santa Catarina)

  1. Juliana Ribas

(Médica Veterinária, Especialista em Bem-estar Animal e Mestre em Nutrição Animal)

  1. Carla Molento

(Médica Veterinária, Doutora em Bem-estar Animal e Professora da Universidade Federal do Paraná)

  1. Aline Cristina Sant’Anna

(Bióloga, Doutora em Bem-estar Animal e Professora da Universidade Federal de Juiz de Fora)

  1. Caroline Marques Maia

(Bióloga, Doutora em Zoologia, Especialista em Jornalismo Científico e parte do FEG (Fish Ethology and Welfare Group)

  1. Maurizélia de Brito Silva

(Chefe de Unidade de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/MMA)

  1. Tavani Rocha Camargo 

(Bióloga, Doutora em Aquicultura, e Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná)

  1. Victor Lima

 (Zootecnista, Mestre em Zootecnia, consultor na BEA Consultoria)

  1. Ingrid Eder

(Médica Veterinária, Especialista em Economia e Gestão da Sustentabilidade)

  1. Vania de Fátima Plaza Nunes

(Médica Veterinária, Especialista em Comportamento e Bem-Estar Animal, Saúde Pública, Vigilância Sanitária, Ecologia e Educação Ambiental, Homeopatia e Medicina Veterinária Legal)

  1. Priscila Cotta Palhares

(Médica Veterinária, Doutora em Ciências Veterinárias e Professora do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais)

  1. Daniel Santiago Rucinque

(Médico Veterinário, Doutor em Bem-estar de Peixes)

  1. Karynn Capilé

(Médica Veterinária, Doutora em Bioética)

  1. Lizie Pereira Buss

(Médica Veterinária, Presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do CRMV-DF e Auditora Fiscal Federal Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

Referências

  1. SENCIÊNCIA. In: DICIO, Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: https://www.dicio.com.br/trabalho/. Acesso em: 23/05/2021.
  2. Broom DM; Molento CFM. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – Revisão. Archives of Veterinary Science, v. 9, n. 2, p.1-11. 2004. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/4057. Acesso em: 23/05/2021.
  3. Mood A; Brooke P. Fishcount. 2019. Disponível em: http://fishcount.org.uk/. Acesso em: 23/05/2021.
  4. Ritchie, H; Roser, M. Meat and Dairy Production. Published online at OurWorldInData.org. 2017. Disponível em: https://ourworldindata.org/meat-production. Acesso em: 24/05/2021.
  5. Pedrazzani, AS; Neto, AO; Carneiro, PCF; Gayer, MV; Molento, CFM. Opinião Pública e Educação Sobre Abate Humanitário de Peixes no Município de Araucária, Paraná. Ciência Animal Brasileira, [S. l.], v. 9, n. 4, p. 976–996, 2008. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/1361. Acesso em: 25/05/2021.
  6. Molento, CFM; Battisti, MKB; Rego, MIC. The attitude toward animals: people from the Northwestern Region of the State of Paraná, Southern Brazil. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON HUMAN-ANIMAL INTERACTIONS, 9, 2001, Rio de Janeiro. Abstract book. Rio de Janeiro: ARCA BRASIL/AFIRAC/WHO, p. 75. 2001. Acesso em: 23/05/2021.
  7. Brown, C. Fish intelligence, sentience and ethics. Anim Cogn 18, 1–17. 2015. https://doi.org/10.1007/s10071-014-0761-0. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24942105/. Acesso em: 23/05/2021.
  8. Vila Pouca C, Brown C. Contemporary topics in fish cognition and behaviour. Curr Opin Behav Sci. 16:46-52. 2017. doi:10.1016/j.cobeha.2017.03.002. Disponível em: https://www.hrstud.unizg.hr/_download/repository/Contemporary_topics_in_fish_cognition_and_behaviour.pdf. Acesso em: 23/05/2021.
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  10. Brown C; Laland K; Krause J. Fish cognition and behavior. In: Brown C, Krause J, Laland K (eds) Fish cognition and behaviour. Wiley, Oxford, pp 1–9. 2011. Acesso em: 23/05/2021.
  11. Sneddon, LU. Pain in aquatic animals. J Exp Biol; 218 (7): 967–976. 2015. doi: https://doi.org/10.1242/jeb.088823. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25833131/. Acesso em: 23/05/2021.
  12. Pedrazzani, AS et al. Bem-estar de peixes e a questão da senciência. Archives of Veterinary Science, [S.l.], ISSN 2317-6822. 2007. doi: http://dx.doi.org/10.5380/avs.v12i3.10929. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/veterinary/article/view/10929. Acesso em: 21/05/2021. 
  13. Low, P; Panksepp, J; Reiss, D; Edelman, D; Van Swinderen, B; Koch, C. “The Cambridge Declaration on Consciousness”. Francis Crick Memorial Conference on Consciousness in Human and non-Human Animals. Cambridge, UK: Churchill College, University of Cambridge. 2012. Disponível em: http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf. Acesso em: 23/05/2021.
  14. Low, P; Lourenço, DB; Tezza, LBL; Castro, LSS; Choma, EF; Molento, CFM. “Declaração de Curitiba”. III Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal. Curitiba, Brazil. 2014. Disponível em: http://www.labea.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2014/08/A-Declara%C3%A7%C3%A3o-de-Curitiba-fica-dispon%C3%ADvel-para-todos-como-um-resultado-concreto-do-III-Congresso-Brasileiro-de-Bio%C3%A9tica-e-Bem-estar-Animal.pdf. Acesso em: 23/05/2021.
  15. Pedrazzani, AS et al. Senciência e Bem-Estar de Peixes: Uma Visão de Futuro do Mercado Consumidor, Panorama da Aquicultura, v. 102, p. 24-29. 2007. Disponível em: https://panoramadaaquicultura.com.br/senciencia-e-bem-estar-de-peixes-uma-visao-de-futuro-do-mercado-consumidor/. Acesso em: 23/05/2021.
  16. OIE. Aquatic Animal Health Code. ed. 22, 2019. Disponível em: https://www.oie.int/en/what-we-do/standards/codes-and-manuals/aquatic-code-online-access/?id=169&L=1&htmfile=chapitre_welfare_introduction.htm. Acesso em: 20/05/2021.
  17. Molento, CFM; Dal Pont, G. Diagnóstico de bem-estar de peixes. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, p. 6. 2010. Disponível em https://www.bvs-vet.org.br/vetindex/periodicos/ciencia-veterinaria-nos-tropicos/13-(2010)/diagnostico-de-bem-estar-de-peixes/. Acesso em: 22/05/2021.

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Alianima assina carta aberta que reforça a importância do bem-estar dos peixes

Mais de 20 organizações de conservação do oceano e em defesa dos animais reiteram em carta aberta que peixes são seres são sencientes e devem ser protegidos através da conscientização dos consumidores.

Texto original versão em inglês

Peixes sendo pescados ao amanhecer. Alianima;carta aberta;bem-estar;peixes
FAO Aquaculture Photo Library / Kevin Hudson 

A vida na Terra só é possível graças aos oceanos, já que eles produzem a maior parte de oxigênio da atmosfera e absorvem um terço das emissões de dióxido de carbono. Apesar da sua evidente importância para a manutenção da vida no Planeta, os animais marinhos, essenciais para a biodiversidade desse ambiente, estão sob grave ameaça humana

De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 93,8% das populações de peixes estão sendo pescadas no limite máximo absoluto sustentável ou acima dele. Enquanto aproximadamente 100 bilhões de animais aquáticos são criados em cativeiro, estima-se que algo entre 2 e 3 trilhões são capturados na natureza para satisfazer a crescente demanda de consumo alimentar humano. Esses números são 35 vezes superiores ao de todos os animais terrestres criados no planeta. É inegável que estamos negligenciando a qualidade de vida dos animais aquáticose eles estão sentindo.

Peixes merecem viver com bem-estar. Alianima;carta aberta;bem-estar;peixes
Unsplash

Evidências apontam que peixes têm capacidade de sentir dor e sofrer igual aos seus primos terrestres, ou seja, eles também são seres sencientes. Além de práticas dolorosas aos animais, a exploração predatória (sobrepesca) é responsável por dizimar populações inteiras de peixes e outros animais marinhos que podem caminhar rumo à extinção total, gerando desequilíbrio em todo o sistema.

As pautas de bem-estar animal pouco consideram esses animais, e o consumidor final, parte essencial do sistema, não sabe o que está acontecendo.

Existem soluções:

Este cenário crítico desencadeou um movimento liderado pela Aquatic Life Institute (ALI) com a formação da primeira aliança do mundo criada para defender o bem-estar dos animais aquáticos. A Aquatic Animal Alliance (AAA) é formada por mais de 20 organizações internacionais, incluindo a Alianima.

A aliança acredita que uma ação urgente é necessária para mudar a forma que pensamos sobre a fauna aquáticas e começar a levar em consideração o bem-estar destes animais Para tanto, é indispensável a contribuição dos consumidores para pressionar os produtores e exigir legislações e certificações criteriosas para construir um sistema sustentável de produção alimentar o mais rápido possível.

A carta aberta redigida pela coalizão sobre o tema, explica como os consumidores podem ajudar a garantir o bem-estar dos peixes e da vida marinha. Por exemplo: 

– Comece a enxergar os animais como indivíduos, e não como estoque;

– Se você puder, substitua os produtos de origem animal por opções nutritivas à base de plantas;

– Se você não puder fazer isso, reduza seu consumo de peixes o máximo possível;

– Compartilhe esta ideia nas suas redes e círculos sociais, para que mais pessoas fiquem conscientes desse problema que é de todos nós. 

Saber o impacto que nossas escolhas alimentares têm no mundo é o primeiro passo para uma vida mais justa para todos os seres. 

O mar não é infinito. E seus habitantes também não. 

Veja 5 motivos para repensar o consumo de peixe.