Conheça os 5 pilares de bem-estar de peixes

Peixes são espécies capazes de experimentar dor, medo e estresse e merecem atenção nas pautas de bem-estar animal  

Há quem diga que o ser humano é o animal mais estressado da Terra, mas a forma como os animais são tratados pela indústria alimentícia coloca em cheque essa teoria: há mais seres estressados por aí do que queremos acreditar, e os peixes, altamente explorados e muitas vezes deixados de lado nas discussões de bem-estar animal, também estão sofrendo desse mal. 

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O hormônio cortisol está presente tanto no nosso organismo como no dos peixes, e é liberado em condições estressantes, o que reforça as evidências de que os peixes são seres sencientes que reagem a diferentes estímulos, assim como os demais animais vertebrados. Por conta das práticas da piscicultura intensiva e semi-intensiva, como manejo incorreto, alta densidade populacional e baixa qualidade de água, o que não faltam são motivos para que esses animais vivam com sofrimento. 

É importante mitigar essas e outras problemáticas, para que promovam um ambiente saudável e para a melhoria do bem-estar dessas espécies que sentem, tanto por parte da indústria de pescado quanto por parte dos consumidores. Vamos pensar sobre isso? 

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Como melhorar o bem-estar dos peixes? 

Apesar de ainda caminhar lentamente em comparação ao que acontece com outros animais, a pauta de bem-estar dos peixes tem dado importantes passos. Por exemplo, os peixes possuem normativas de bem-estar publicadas pela Organização Mundial da Saúde Animal, a OIE, cujo Brasil é signatário. Para constar nessa normativa, o animal precisa possuir a capacidade de sentir estímulos e sensações de forma consciente, e os peixes, como falamos antes, correspondem a essa premissa. 

Os peixes são animais de grupos taxonômicos muito diferentes, o que dificulta a definição de padrões de bem-estar que atendam todas as espécies, mas melhorias no ambiente e manejo desses animais são possíveis! Após consultar especialistas em todo o mundo, a Gava (Global Aquatic Veterinary Association), primeira coalizão internacional de veterinários em prol do bem-estar de animais aquáticos, levantou cinco pilares para melhorar a qualidade de vida dos peixes. Veja quais são: 

Pilar 1 – Alimentação 

O Aquatic Life Institute estima que cerca de 1,2 trilhão de animais aquáticos sejam usados todos os anos para a alimentação de outros animais na cadeia de abastecimento. Como seres sencientes, é importante reduzir a quantidade desses animais que são capturados na natureza para a alimentação de outros, considerando fontes alternativas de alimentos, melhorando as taxas de conversão alimentar e substituindo as espécies carnívoras cultivadas por espécies herbívoras. Além disso, é importante que os peixes recebam alimentação em quantidade e formulação adequadas, a fim de garantir a sua saúde e bem-estar. A prática de jejuns prolongados no período pré-abate, embora comum nesse setor, pode ter como consequências o canibalismo, a perda de peso e a erosão das nadadeiras, devendo ser evitada.

Pilar 2 – Enriquecimento Ambiental 

Essa é uma das áreas mais negligenciadas do bem-estar dos animais aquáticos. Para expressar seus comportamentos naturais, eles merecem um ambiente que atenda às necessidades específicas de sua espécie e que seja semelhante ao seu habitat ideal. E o que seria enriquecimento ambiental para os peixes? Depende da espécie, mas podemos citar pedras (de diferentes tipos e tamanhos), pedaços de madeira, iluminação, cores específicas para os tanques, e água corrente. 

Pilar 3 – Lotação 

A piscicultura é uma atividade zootécnica que consiste na criação de peixes em tanques e viveiros com fins lucrativos. Nessa modalidade, os peixes são concentrados com uma alta densidade populacional, criando um ambiente de estresse intenso e crônico, favorecendo a agressividade entre os animais e o surgimento frequente de lesões e infecções. Por essa razão, é importante que sejam mantidos níveis adequados de lotação para as diferentes espécies e estágio de vida para evitar impactos físicos, psicológicos e comportamentais negativos. 

Pilar 4 – Qualidade da água

Na piscicultura, diferentemente da criação de animais terrestres, os peixes vivem, se reproduzem, respiram e lançam os seus dejetos no mesmo ambiente: a água. Por isso, um dos pontos fundamentais é garantir a sua qualidade por meio do monitoramento contínuo, ou pelo menos diário, de parâmetros como níveis de O2 e CO2, temperatura, turbidez, pH, salinidade, entre outros. É importante que essa avaliação seja acompanhada de um plano de ação, caso seja detectada baixa qualidade da água, para evitar prejuízos à saúde e morte dos peixes. 

Pilar 5 – Abate 

A preocupação com o bem-estar de todos os animais usados na aquicultura deve ser mantida ao longo de toda a sua vida, desde a reprodução, passando pelo nascimento, até o abate. Todos os animais devem ser efetivamente atordoados antes de serem abatidos, ou seja, devem estar inconscientes antes que sua morte seja provocada. E o tempo decorrido entre o atordoamento e o abate deve ser minimizado para diminuir o risco de recuperação da consciência. Asfixia em gelo, uso de banhos de sal, CO2 ou amônia não devem ser utilizados, pois não garantem a dessensibilização do animal, que pode permanecer consciente e sofrendo. 

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Se você puder, repense seu consumo de peixes, isso irá impactar a sua saúde e a dos animais. 

Acesse o site do Observatório Animal para saber mais sobre os pontos críticos da piscicultura e as intervenções que podem ser feitas para melhorar a vida desses animais.  

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