o trabalho das mulheres em defesa dos animais

O trabalho das mulheres em defesa dos animais

Maioria na proteção animal, mulheres de diferentes áreas assumem a linha de frente dessa batalha ao mesmo tempo em que enfrentam obstáculos relacionados a gênero

Desde a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, em 1978, temos testemunhado o franco desenvolvimento a nível global do ativismo que busca colocar em prática o pressuposto de que “todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência (…) a serem respeitados (…) e não serem vítimas de maus-tratos, etc”. Se por um lado é lugar comum afirmar que o movimento pelos animais, felizmente, cresceu, o que pouca gente reconhece é que seus líderes e agentes são, majoritariamente, mulheres, e que esse dado é significativo e valoroso na história desse ativismo. 

Jane Goodall e o chipanzé Flint / Foto de Hugo Van Lawick, Nat Geo Image Collection

Historicamente, mulheres têm fortalecido a duras penas a agenda animal, encarando a dupla opressão que atravessa seres de outras espécies e as suas próprias condições de gênero. Jane Goodall, primatóloga inglesa que ficou amplamente conhecida no documentário “Jane” (2017),  foi a primeira mulher a ir para a África sozinha, ainda nos anos 60, para estudar o comportamento dos chimpanzés. Apesar de suas descobertas terem sido revolucionárias, ela enfrentou críticas sexistas da comunidade científica e midiática da época, e em uma matéria da Associated Press, ela foi retratada como “Loura esguia com mais tempo para macacos do que para homens”. 

Os desafios enfrentados pelas mulheres defensoras da pauta animal, ambiental e/ou dos direitos humanos se intensificam dependendo de alguns marcadores sociais, como etnia, raça, classe, orientação sexual, entre outros. Pesquisa publicada pelo Instituto Igarapé em 2022 apontou que oito em cada dez defensoras ambientais sofreram violência – física ou moral – na Amazônia brasileira. Outro exemplo relevante é da psicóloga e zootecnista americana Temple Grandin, que enfrentou o machismo e ceticismo de homens na bovinocultura de corte nos EUA por ser uma mulher autista que defende o bem-estar dos animais explorados pela indústria alimentícia. 

Essas interseccionalidades são efeitos do falho sistema patriarcal e antropocêntrico, que inferioriza e oprime a existência daquilo que não pertence ao gênero e sexo masculino, além de deslegitimar o sofrimento animal não humano. Sobre isso, Carol J Adams, ativista feminista-vegetariana e uma das maiores referências dessa linha de pensamento, escreveu em seu famoso livro “A Potícia Sexual da Carne” que “O patriarcado é um sistema de gênero que está implícito nas relações humanas/animais (…) e que portanto não podemos polarizar o sofrimento humano e animal, uma vez que eles se inter-relacionam”. 

“Acredito que a proteção animal deve ser vista sob o prisma da interseccionalidade, portanto, nossas ações devem ser discutidas juntamente com temas que prezem pela justiça socioambiental e climática. Somente dessa forma podemos criar uma luta consistente e resiliente frente ao poder opressor do modelo de agronegócio latifundiário que impera no Brasil” – Defende a Co-fundadora e Diretora de Comunicação da Alianima, Sylvia Rodrigues. 

A Alianima possui 83% de sua equipe constituída por pessoas que se reconhecem pelo gênero feminino, e esse caso reflete não só a preponderância do gênero no rol dos ativistas, como também expõe a realidade de que mulheres são a maioria no terceiro setor. Esse meio, que possibilita atuar com autonomia junto à sociedade civil, traz possibilidades que são negadas ou dificultadas pelas vias públicas ou privadas. Em entrevista realizada com as profissionais da Alianima, foi possível observar como isso se desenvolve na prática:

“Com 16 anos, eu decidi que queria ser médica veterinária e trabalhar em uma clínica ou hospital veterinário cuidando da saúde de animais de companhia, como cães e gatos. Essa visão começou a mudar quando, no meio da graduação, passei a cursar as disciplinas relacionadas a animais de produção, e ao visitar fazendas-escola fiquei extremamente frustrada com a forma que esses animais eram tratados, inclusive pelos meus professores e outros veterinários. No fim da graduação, conheci uma ONG que trabalhava para melhorar as condições de vida dos animais de produção e atuei com eles como estagiária até depois de me formar. Desde então, não saí mais do terceiro setor” – Relembra a Veterinária, Presidente, Co-fundadora e Diretora Técnica da Alianima, Patrycia Sato. 

lustração de Leah Tinari

As profissionais revelaram ainda que já deixaram de ser contratadas por serem mulheres, que já foram tachadas de “românticas” ao falarem da proteção dos animais de produção e consideram que “em uma sociedade especista e machista defender os animais é remar contra a maré duas vezes”:

“Sempre que falamos que trabalhamos com proteção animal, a primeira coisa que vem à cabeça das pessoas é a proteção de cães e gatos. Muitos não imaginam que exista a proteção dos animais de produção. Além de muitos acharem bobagem, o agronegócio e a pecuária brasileira por muitos anos foram cenários dominados por homens e pelo machismo, fazendo com que muitos ainda pensam que as mulheres não sabem do que estão falando.” – Resposta da Zootecnista e Gerente de Relações Corporativas e Bem-estar Animal da Alianima, Maria Fernanda Martin. 

Na introdução a causa, são plurais os caminhos e obstáculos percorridos por essas profissionais, mas em comum destaca-se que o pensamento crítico sobre a alimentação e o voluntariado serviram como molas propulsoras para estarem neste momento dedicando suas carreiras em prol dos animais:

“Decidi cursar Biologia muito por conta do meu fascínio por todas as formas de vida (…) Após a faculdade, iniciei o meu mestrado na área de Biologia Celular e Molecular e, no meio desse caminho, comecei a despertar para questões relacionadas ao impacto do consumo de alimentos de origem animal para o meio ambiente e para a vida desses seres, época em que eu decidi parar de consumi-los. (…) A essa altura, eu já trabalhava com experimentação animal em laboratório há quase 10 anos, mas não me identificava totalmente com a área e sentia a necessidade de fazer algo melhor pelos animais. (…) Durante essa trajetória, conheci pessoas incríveis que atuam em defesa dos animais, participei de congressos sobre nutrição e vegetarianismo, visitei um santuário que resgata animais da indústria, e passei a atuar como voluntária na causa animal. Mais tarde, viria a grata oportunidade de me juntar ao time da Alianima, o que me possibilitou unir uma das minhas maiores motivações pessoais com a atuação profissional.” – Relatou a Bióloga, estudante de Nutrição e Coordenadora de Relações Corporativas na Alianima, Leticia Lima.

Buscando adotar uma perspectiva não-antropocêntrica e embasada no pensamento científico para pautar as ações da ONG, que visam estabelecer relacionamento colaborativo com a indústria e consumidores, a fim de auxiliar a assimilação e implementação de melhorias na vida dos animais, as profissionais da Alianima geram um saldo positivo ao terem como suas aliadas outras mulheres, sendo elas de dentro ou de fora da organização, como conclui Sylvia Rodrigues: 

“Vejo com grande satisfação como o movimento está se organizando e amadurecendo, o que pode ser percebido através das coalizões que formamos e as ações que são derivadas dessa cooperação que, não por acaso, possuem mulheres incríveis nos mais diversos cargos. Dentro da própria Alianima, me sinto imensamente satisfeita de ter ao meu lado companheiras potentes, que através de suas vivências individuais, contribuem para a diversidade de pensamento da nossa organização”. 

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Maria Loverra, autora deste texto, é Gerente de Conteúdo para Redes Sociais da Alianima. 

cartilha superbacterias e resistência antimicrobiana

Alianima lança cartilha sobre superbactérias e resistência antimicrobiana em alimentos

Material gratuito com versões para consumidores e produtores, visa a conscientização sobre o uso racional de antibióticos na pecuária industrial.

Prática na União Europeia desde 2006, a proibição no uso de antibióticos como promotores de crescimento em animais ainda é incipiente no Brasil e a discussão sobre o tema começa a ganhar espaço para além da pecuária industrial. 

Para alertar e conscientizar sobre o problema, a Alianima lança hoje a cartilha sobre superbactérias para orientar consumidores e produtores sobre os perigos das superbactérias, que podem surgir a partir do uso indiscriminado de antibióticos na produção animal. Intitulada “O que você precisa saber sobre AS SUPERBACTÉRIAS E RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA”, a cartilha já está disponível para download.

Alianima lança cartilha sobre superbactérias.

Na pecuária industrial é comum a utilização de antibióticos de maneira preventiva, quando os animais não estão doentes, prática que colabora diretamente com o surgimento de patógenos cada vez mais resistentes aos antimicrobianos, tornando os antibióticos menos eficazes quando realmente necessários.

O Brasil é o maiores exportadores mundiais de carne suína e de frango, mas não há legislação específica sobre o uso não-terapêutico de antimicrobianos na pecuária industrial. À medida que um número crescente de consumidores se torna consciente dos potenciais benefícios da escolha de produtos “livres” desses medicamentos, os mercados interno e externo podem se tornar vulneráveis. Em janeiro deste ano, por exemplo, entraram em vigor novas leis proibindo alimentação rotineira contendo antibióticos na criação animal pela União Europeia, incluindo produtos importados pelo bloco. Essa decisão impacta as exportações brasileiras, principalmente de frango de corte.

Todos os atores da cadeia possuem responsabilidade sobre o tema, incluindo o consumidor final, fazendo valer sua força a partir da exigência de produtos fabricados com responsabilidade e transparência, além da adoção de melhores escolhas. Que tal fazer parte dessa mudança?

Baixe agora e compartilhe esta importante informação por aí.

agronegócio não é sinônimo de segurança alimentar

3 razões pelas quais o agronegócio não é sinônimo de segurança alimentar

Participante de 26% do PIB do país, o agronegócio não é garantia de comida suficiente e de qualidade no prato da população brasileira, que volta a enfrentar a fome.

Imagine viver em um país em que, ao mesmo tempo que segue batendo recordes com o agronegócio, registra 55% da sua população enfrentando algum nível de insegurança alimentar. Imaginou? Infelizmente, essa não é uma projeção distópica, e sim um paradoxo da realidade brasileira. O aumento da fome, já verificada antes mesmo da pandemia de Covid-19, teve seu derradeiro empurrão ladeira abaixo com a maior crise sanitária mundial da nossa época, mas nesse mesmo cenário devastador, o Brasil foi o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, e o agronegócio foi o único setor que cresceu no período. Por que, então, o setor autoproclamado “riqueza do Brasil” não é sinônimo de segurança alimentar para os seus cidadãos

(Foto: Elineudo Meira/Fotos Públicas)

Antes de explorarmos as três razões pelas quais o Agronegócio não é sinônimo de comida no prato, é importante definir o que significa segurança alimentar. De acordo com a  Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), a segurança alimentar é definida como “a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis”. Quando esses ideais são comprometidos, surge a insegurança alimentar, que pode ser classificada como leve, moderada ou grave. Se estiver no nível grave, a pessoa está experienciando a fome.

Apesar do agronegócio não ser isoladamente responsável pelo aumento da insegurança alimentar, ele poderia facilitar o acesso de alimentos em todo o mundo. Além disso, manobras políticas que almejam a sua lucratividade deixam de fora questões relativas à soberania alimentar e a erradicação da fome. Veja então, três razões pelas quais o Agronegócio no Brasil não é sinônimo de comida no prato de todos os brasileiros: 

  1. COMMODITY NÃO É SINÔNIMO DE COMIDA NO PRATO

Uma estimativa da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) aponta que o mundo produz hoje mais de 2,74 bilhões de toneladas de grãos, e essa quantidade seria o suficiente para alimentar a população mundial. Porém, o agronegócio é um modelo que não tem a perspectiva principal de alimentar pessoas, e sim de produzir mercadorias para exportação de algumas culturas, as famigeradas commodities, que são matérias-primas básicas produzidas em larga escala, negociadas mundialmente e com grande valor comercial e econômico. Essas mercadorias servem de base para a fabricação de outros produtos com maior valor agregado. 

Por exemplo, o Brasil é o maior produtor e exportador de soja, respondendo pela produção da metade da oleaginosa consumida globalmente. A safra nacional de soja em 2020/2021 foi estimada em 135 milhões de toneladas e bateu recordes de exportação em 2021, com 83 milhões de toneladas enviadas a outros países.

Pixabay

Nesse contexto, engana-se quem pensa que esse montante vai alimentar outras populações: conforme dados levantados pela AgroStat, das 135 milhões de toneladas de soja produzida pelo país, 12% foi exportada já processada como farinha e óleo, e os 55% dos grãos in natura produzidos e enviados para exportação também serão processados e utilizados para atender principalmente a demanda agropecuária – na engorda dos animais explorados na indústria alimentícia. Ou seja, apenas uma pequena parcela da soja in natura produzida nos 36 milhões de hectares de território brasileiro é destinada ao consumo direto das famílias brasileiras. 

Quando a soja chega na nossa mesa, geralmente está associada a alimentos processados e ultraprocessados, o que não contribui significativamente com a qualidade de nutrientes para um estado de segurança alimentar. Além disso, a soja e o milho são duas das culturas que mais utilizam agrotóxicos no Brasil, justamente para atender essa alta demanda da agropecuária, e estão intrinsecamente associadas a altos níveis de desmatamento. 

  1. INFLAÇÃO E ESTAGNAÇÃO DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NÃO É SINÔNIMO DE COMIDA NO PRATO

Nesse contexto de maior lucratividade com a exportação de commodities, a produção de alimentos para o mercado interno é menos vantajosa. A produção nacional de arroz, por exemplo, tem permanecido estancada frente à elevação dos custos da indústria de alimentos durante a pandemia, à alta dólar e às baixas nas safras em decorrência de fatores climáticos, como as secas e geadas. Todos esses fatores justificam o aumento dos valores dos alimentos da cesta básica, o que deixa o acesso dos consumidores mais vulneráveis cada vez mais escasso. 

Foto: Alex Capuano/CUT/Divulgação

Além disso, a produção de carne utiliza uma parcela muito grande de território – com o pasto e as monoculturas – que poderia ser ocupado pela produção de alimentos diversificados. O Brasil é o maior exportador de carne bovina no mundo, e mesmo assim, 67% dos brasileiros cortaram o consumo de carne vermelha por conta da inflação, do desemprego e do empobrecimento. 

  1. DESMONTE DA AGRICULTURA FAMILIAR NÃO É SINÔNIMO DE COMIDA NO PRATO

Você sabia que o presidente Jair Bolsonaro vetou quase integralmente o Projeto de Lei (PL) 735/20? O projeto dispunha de importantes medidas emergenciais aos agricultores familiares do Brasil para mitigar os impactos socioeconômicos da Covid-19. Em uma canetada, o presidente vetou desde o auxílio emergencial a esses trabalhadores até a renegociação e adiamento de dívidas e linhas de crédito emergenciais.

Se por um lado  o presidente desvaloriza e desmonta políticas e programas de promoção da produção da agricultura familiar, por outro concede benefícios ao agronegócio, facilitando o acesso a créditos e financiando dívidas de grandes produtores rurais.

Foto: Agência Brasil

Esse enfraquecimento da agricultura familiar não é nada bom para a segurança alimentar, afinal a agricultura familiar ainda é responsável por garantir boa parte da alimentação da população brasileira. Dados da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) apontam que a agricultura familiar é responsável por 70% do que se consome no país, e diferentemente do que acontece no contexto do agronegócio, que prioriza a produção de commodities, na agricultura familiar o que predomina é a policultura, possibilitando pavimentar o caminho para a erradicação da fome (se com o apoio de políticas públicas).,

A insegurança alimentar é um grande desafio para o Brasil. Enquanto práticas que contribuam para a produção de diversidade de alimentos e a soberania alimentar não sejam aplicadas e asseguradas, teremos o aumento da fome. O agronegócio, pela sua potência inquestionável, deveria cumprir a máxima que diz “o agro brasileiro alimenta o mundo”, considerando a qualidade e o acesso aos alimentos, respeitando a democratização do uso de terras para outras produções, como as da agricultura familiar, e exigindo sempre uma distribuição justa de recursos. O agro só poderá ser considerado “pop” se for realmente pensado para a população. 

E aí, o que você acha? Deixe seu comentário e vamos ampliar este diálogo. 

frangos

Com avanço de cepa da gripe aviária milhares de animais são abatidos

Sacrificar milhões de animais confinados em sistemas de produção para conter cepas de vírus da gripe aviária é um placebo para problema recorrente – e os animais não deveriam estar pagando com suas vidas. 

A humanidade parece não seguir o sábio ditado popular que diz  “é melhor prevenir do que remediar”. Vivemos nossas vidas com a pretensa segurança de que “para tudo tem remédio”, mas além disso não ser verdade, essa ideia afrouxa nossos esforços políticos na revisão e contenção de práticas humanas que comprovadamente suscitam o surgimento de diversas doenças como, por exemplo, a influenza aviária, conhecida popularmente como gripe aviária.

Desde o último trimestre de 2021, um novo surto de gripe aviária vem acometendo a Europa que soma, até a finalização deste texto, 950 criadouros contaminados. No início de janeiro de 2022 o Reino Unido registrou sua primeira infecção humana de gripe aviária da cepa H5N1, popularmente conhecida como a gripe do frango, uma das poucas cepas de gripe aviária que passam para humanos (por enquanto). Ela tem alta taxa de letalidade e já matou, desde 2003, 456 pessoas no mundo, metade das pessoas que foram infectadas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Mas se é gripe do frango, por que ela afeta humanos? Veja a explicação da Médica Veterinária Patrycia Sato: 

Apesar de vários fatores contribuírem para a disseminação da influenza aviária e o surgimento de diversas variantes, como a migração natural de aves, a venda de animais silvestres vivos, o comércio global e o deslocamento internacional de pessoas, é inegável que a pecuária intensiva é terreno fértil para a propagação de doenças. A interação prolongada entre homens e outros animais nos sistemas de produção lotados em espaços diminuto, medidas de biossegurança negligenciadas, invasão contínua das terras agrícolas em áreas selvagens, e o uso indiscriminado de antibióticos são alguns dos fatores que tornam os sistemas de criação intensivos um campo minado para o surgimento de doenças. 

A contaminação laboral é um ponto preocupante, já que é no contato direto entre o animal que uma pessoa pode ser contaminada, e vice-versa. Nas aves, o vírus da influenza ​​é  eliminado nas fezes e nas secreções respiratórias e pode ser transmitido através do contato direto com secreções de aves infectadas, ou por  fezes,alimentos e água contaminados, além depermanecer por muito tempo no ambiente, podendo inclusive se espalhar por objetos (sapatos, roupas, equipamentos), tornando os humanos que trabalham nos galpões alvos mais propensos de contrair o vírus. 

frangos
We Animal Media

Ainda que H5N1 tenha baixa transmissibilidade entre humanos e ainda representa riscos baixos à saúde pública, quando um surto de gripe aviária acontece, outras milhões de vidas serão impactadas: as das próprias aves. A transmissibilidade entre elas é altíssima, e mesmo as que não morrem pela doença são abatidas, saudáveis ou não, para conter a disseminação do vírus. Ainda que a legislação permita esse tipo de manejo, o abate em massa de animais aborda apenas os sintomas do surto, não ataca a raiz da questão, fere o bem-estar animal (já que dificilmente o abate humanitário será aplicado) e não sugere o enfrentamento necessário para prevenir outros surtos. 

E o que mais parece alarmar a indústria e os governantes é o prejuízo econômico que a contaminação poderá causar, como restrições comerciais,  perda de toneladas de carne e até a recusa das pessoas em consumirem esse tipo de alimento. Apesar dessas serem preocupações importantes dentro do aspecto socioeconômico, por que as imagens de milhares de animais sendo descartados – as verdadeiras vítimas da gripe até agora – não chocam?

Entre 2003 e 2007, mais de 20 países da Ásia, África e Europa registraram casos de gripe aviária em animais e estima-se que pelo menos 200 milhões de aves domésticas (de uma população mundial total de 10 bilhões) morreram ou foram abatidas como resultado do H5N1. Neste surto atual, notícias já apontam para números expressivos de mortes de aves. 

Por enquanto, as cepas de influenza que estão circulando no Brasil são a H1N1 e H3N2,. Porém, se não exigirmos sistemas de produção menos nocivos aos animais, ao meio ambiente e aos humanos, as variantes continuarão se adaptando e poderão implicar em epidemias e até pandemias altamente letais. Além disso, são necessárias atitudes menos antropocêntricas da nossa parte para os animais, que além de morrerem aos milhões diariamente em sistemas de produção para o consumo humano, são as maiores vítimas dessa gripe, e não os algozes. 

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antropocentrismo

O que é Antropocentrismo (e por que devemos minimizá-lo)

Pensamento filosófico que considera os humanos superiores à natureza e a outros seres é prejudicial e merece ser ativamente confrontado nos próximos anos.

Se você nunca ouviu falar desse conceito, é melhor se atualizar, porque estamos arraigados a ele até o último fio de cabelo. Cabelo este que foi lavado com xampu embalado em plástico não reciclável, testado em animais, e repleto de microplásticos em sua composição que descem pelos ralos e poluem rios e oceanos, o que afeta ecossistemas inteiros e, em última instância, a vida na Terra. Achou complexo? É que além de um conceito, o antropocentrismo também é o modus operandi da humanidade há séculos – mas já passou da hora de refletirmos sobre um novo modelo de coexistência, não acha?

antropocentrismo
“A Criação de Adão” de Michelangelo

O antropocentrismo é uma concepção que coloca os humanos como centrais e únicos detentores de posição moral, sendo-lhes, por isso, tratados sempre como prioridade. Isso sustenta que a vida humana tem valor intrínseco (valor em si mesma), enquanto outras entidades (incluindo animais não-humanos, plantas e afins) são percebidas como recursos instrumentais que podem ser justificadamente explorados para o benefício da humanidade.

Esse modo de ver e viver a vida tem levado a exploração dos recursos naturais e de outros indivíduos além do limite máximo da capacidade da Terra, desconsiderando o valor e os interesses de tudo que não é o humano. E o humano, como sabemos, consome muito com muita desigualdade social, produz além do necessário e descarta rapidamente (e incorretamente) tudo que não atende mais a seus interesses e necessidades. Não à toa temos vivido tantas catástrofes globais, mudanças climáticas e epidemias – na era do Antropoceno, as atividades humanas irresponsáveis atiram para todos os lados, inclusive para o nosso próprio pé. 

Além disso, essa visão de mundo tóxica leva os humanos a traçar distinções entre as espécies animais, o que chamamos de especismo. Por exemplo, a maioria dos humanos não gostaria de ver seus cães serem tratados da maneira como os porcos são tratados na indústria alimentícia, embora os suínos sejam capazes de sentir a mesma dor e sofrimento que os caninos. Essa visão não parece, no mínimo, contestável?

antropocentrismo
Reprodução DOPE MAganiz /Arte de Want Some Studio

Fica aqui a reflexão: será o antropocentrismo uma atitude que devemos alimentar em 2022?

Nós da Alianima acreditamos veementemente que não e, por isso, seguimos atuando na contramão desse modo de estar no mundo. Resistimos para coexistir! Vamos juntos nessa?

dieta à base de vegetais 2022

Ano novo, hábitos novos: veja 5 dicas de como adotar uma alimentação à base de vegetais em 2022

A chegada de um novo ano é sempre uma oportunidade de mudança, de repensar hábitos antigos e de plantar sementes de boas intenções para um novo ciclo. 

dieta à base de vegetais 2022

Com a pandemia, percebemos que estamos todos interconectados e que as nossas escolhas diárias exercem grande influência sobre o outro e o meio ambiente. 

Então, que tal aproveitar esse momento de reflexão para adotar hábitos alimentares mais saudáveis e responsáveis?

Dar preferência a diferentes tipos de alimentos de origem vegetal e limitar o consumo de alimentos de origem animal contribui indiretamente para um sistema alimentar socialmente mais justo e menos estressante para o ambiente físico, para os animais e para a biodiversidade em geral.

Sabemos que deixar de consumir ou reduzir o consumo de alimentos de origem animal pode ser um desafio. Por isso, te convidamos a olhar para suas escolhas alimentares sob uma nova perspectiva e esperamos que estas dicas te inspirem no processo:

  1. Amplie o seu leque de opções antes de fazer restrições

Uma boa dica antes de restringir grupos alimentares da dieta é incluir mais opções de vegetais, frutas e leguminosas no seu dia a dia, alimentos que devem ser a base da sua alimentação. Planeje suas compras e busque frequentar feiras e locais que comercializam variedades de alimentos in natura ou minimamente processados, dando preferência aos alimentos da estação e cultivados localmente.

Reduza o consumo de carnes e derivados aos poucos e lembre-se de que não há regras, vá no seu tempo e dentro das suas possibilidades. Você pode optar por retirar primeiro de uma refeição ou de algum dia da semana ou da forma que você se sentir mais confiante.

  1. Informe-se!

Informação é poder e a internet pode ser uma ótima ferramenta para agregar conhecimentos sobre o tema. Uma alimentação à base de vegetais bem planejada e, se necessário, suplementada, é reconhecida mundialmente por órgãos internacionais de saúde como sendo saudável, nutricionalmente adequada e promotora de benefícios à saúde. Além disso, é uma forma efetiva de gerar menos impacto sobre o meio ambiente e de preservar os nossos recursos naturais, enquanto prevenimos o desenvolvimento das principais doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Se desejar se aprofundar sobre os benefícios dessa alimentação, busque por livros, documentários, especialistas sobre o assunto e se inspire em quem está percorrendo o mesmo caminho que você.

Outra dica útil é pesquisar locais que servem boas opções de pratos à base de plantas e de marcas de produtos isentos de componentes de origem animal.

dieta à base de vegetais 2022
  1. Busque orientação de um profissional da saúde

O acompanhamento feito por um profissional da saúde capacitado, e que respeite a sua escolha, irá te ajudar a ajustar o plano alimentar de acordo com as suas necessidades e a sanar as dúvidas que surgirem ao longo do processo. É sempre bom estar com os exames em dia para avaliar a necessidade de adequação nutricional ou suplementação alimentar. É altamente recomendável que esse acompanhamento seja feito independentemente das escolhas alimentares, mas já que estamos falando em novos hábitos, é válido ressaltar esse ponto. Muitas pessoas que “comem de tudo” tendem a pensar que estão tendo uma alimentação balanceada, o que pode ser um tremendo equívoco!

  1. Descubra novos sabores e seja criativo na cozinha

Busque por receitas que te inspirem e se permita testar novas combinações na cozinha. O mundo vegetal é um infinito de possibilidades e você vai descobrir deliciosos e diferentes sabores! É possível adaptar seus pratos favoritos sem ingredientes de origem animal e resgatar a memória afetiva de receitas de família apenas fazendo algumas substituições. Aprender a ler rótulos também é importante para se assegurar do que você está consumindo.

  1. Seja pragmático e pegue leve com você mesmo

Para além de qualquer rótulo, cabe lembrar que as nossas escolhas são construídas diariamente. Buscamos não a perfeição, mas sim excluir, na medida do possível e do praticável, formas de exploração e crueldade contra os animais não apenas na alimentação, mas também no vestuário, em cosméticos, no entretenimento e em outras esferas de consumo. Explore alternativas mais éticas em outras áreas da sua vida e faça o que estiver ao seu alcance hoje.

Tomar atitudes que nos possibilitam viver de acordo com os nossos valores é uma baita resolução de ano novo, hein? Seja pelos animais, pelo meio ambiente ou pela sua saúde, o importante é identificar o que te motiva a fazer essa mudança e seguir em frente! 

Você está pronto para dar o primeiro passo? Baixe aqui nosso e-book gratuito com receitas à base de vegetais e comece a se inspirar!

Feliz novos hábitos!

CEIA SEM SOFRIMENTO (1)

E-book ‘Ceia sem Sofrimento’ traz Menu 100% Vegetal

Projeto ‘Ceia sem Sofrimento’ da Alianima assinado pela chef Samanta Luz propõe festas mais éticas e acessíveis  – e isso passa por pensar no que comemos.

Com a aproximação das festividades de fim de ano, é inevitável não pensar nos comes e bebes, não é mesmo? As ceias de Natal e Ano Novo são geralmente organizadas com antecedência, afinal, ninguém quer deixar de comemorar em grande estilo (e muito sabor!) com seus amigos e familiares. 

Pensando nessas ocasiões, a Alianima lançou o projeto ‘Ceia sem Sofrimento – Por festividades mais éticas e acessíveis!’, com uma proposta de cardápio sem nenhum produto de origem animal, e financeiramente acessível, com ingredientes familiares à rotina da população brasileira. O projeto é composto por um e-book gratuito com menu completo e o passo a passo das receitas em vídeos.

O objetivo do projeto é mostrar que é possível festejar com sabor, ingredientes de qualidade, preços acessíveis e compaixão aos animais. “Acreditamos que o espírito de renovação do final do ano é um prato cheio para levar a ideia de um consumo responsável com os animais e com o meio ambiente à mesa de mais pessoas, sem deixar de lado o sabor que se espera experimentar nessas ocasiões festivas”, afirmou a diretora de comunicação da Alianima, Sylvia Rodrigues. 

O material é assinado pela chef de cozinha vegana Samanta Luz, que tem formação em gastronomia, agroecologia e macrobiótica, e é, também, influencer digital, com um perfil no Instagram onde publica várias dicas sobre veganismo e alimentação consciente, além de ser multiplicadora do estilo de vida sustentável.   

Baixe agora o e-book na íntegra e BOAS FESTAS! 

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Alianima lança Observatório Suíno 2021

Relatório anual traça panorama do bem-estar de suínos dentro da indústria alimentícia brasileira 

Não importa em qual lugar da cadeia de produção de alimentos de origem animal você está – se você trabalha nos criadouros, na venda ou é consumidor, por exemplo –  te convidamos a acompanhar os avanços das pautas de bem-estar dos animais envolvidos, afinal, eles não merecem viver uma vida de sofrimento constante, não é mesmo? Além disso, todo ser humano é impactado pelo setor de alimentos e têm direito de saber, com transparência, as origens e processos por parte das empresas que lucram a partir da utilização de animais, recursos naturais comuns e mão de obra abundante. 

Por isso, a Alianima lança a segunda edição do Observatório Suíno, um relatório que traça um panorama da suinocultura brasileira em relação ao bem-estar animal. Nessa edição, o relatório foca na evolução no alojamento das fêmeas durante a fase de gestação para baias coletivas na indústria de carne suína brasileira. Também aborda outras questões importantes, como o manejo doloroso de leitões e o uso abusivo de antimicrobianos. 

Divulgar estes resultados publicamente cria relações de transparência entre a indústria alimentícia e o consumidor final, cada vez mais atento à origem dos alimentos que consome. Acesse e compartilhe

Além de lançarmos anualmente este documento, mantemos o Observatório Animal sempre atualizado, uma plataforma onde reunimos os compromissos públicos de empresas alimentícias que buscam promover o bem-estar de aves e suínos no Brasil. Acesse! 

o que é um chester

Afinal, o que é um chester?

Você já viu algum chester vivo? Seria um tipo de frango? Ou apenas uma marca? Desmistificamos aqui todos os mistérios que rondam esse animal, fruto de seleção genética, consumido vastamente nas ceias natalinas brasileiras.

A forma como celebramos o Natal no Brasil é muito curiosa, já que, mesmo com as altas temperaturas, decoramos a casa com pinheiros e flocos de neve, sempre na esperança que o bom velhinho traga – via chaminé que não possuímos – presentes embrulhados com papéis bonitos que rasgamos e jogamos no lixo. O ponto alto dessa celebração que absorveu muito da cultura norte-americana e europeia é a mesa da ceia, geralmente composta por várias opções de carne animal assada, como o peru, o lombo, o tender e o…chester! Esse último, o chester, é um popular advento nacional, mas que assim como outros produtos oriundos de animais de produção, apresenta problemas de bem-estar animal na sua cadeia produtiva por conta da seleção genética e das condições de confinamento.

o que é um chester
Reprodução Google

Para acabar logo com o mito: o Chester® é uma marca registrada da Perdigão. Trata-se da mesma espécie que o frango convencional, só que maior. Com o objetivo de disputar mercado com o peru da Sadia, que na época era concorrente da Perdigão (hoje as duas marcas são da BRF), o Chester é originado de uma seleção genética que promove o crescimento da região do peito maior que o natural e, segundo a fabricante, essa ave tem 70% da carne concentrada no peito e nas coxas. 

O grande problema é que a engenharia genética seleciona características desejáveis para maior produtividade e lucro, e essas intervenções atrapalham o desenvolvimento natural dos animais, gerando problemas locomotores (ósseos e articulares) dolorosos, sobrecarga de coração e pulmões, lesões de pele e nas patas. Isso faz com que as aves deixem de comer e interagir decentemente durante sua curta vida. O abate não foge muito do que acontece com os frangos da indústria alimentícia: o “chester” é abatido com mais ou menos 60 dias de vida, enquanto o frango “comum” é abatido aos 42 dias. 

chester

Por 40 anos (até 2020!), a Perdigão não divulgou imagens de um “chester vivo”, o que gerou muitas especulações e incutiu no imaginário coletivo a ideia de uma espécie de animal única, uma iguaria indispensável, reforçando com essa falta de transparência a dissociação da carne que encontramos nos congeladores dos supermercados com um ser vivo – e nesse caso, um ser vivo selecionado geneticamente que provavelmente sofreu muito para chegar até a nossa mesa enfeitada com pinhas natalinas. 

Que tal repensar sobre a necessidade do chester e todo produto de origem animal na sua ceia? O reino vegetal apresenta diversas opções que farão a sua celebração ser mais acessível para a realidade brasileira e sem sofrimento animal. Baixe agora o e-book “Ceia sem Sofrimento”, um projeto da Alianima em parceria com a Chef Samanta Luz, que apresenta, gratuitamente, um Menu completo 100% vegetal para as celebrações de fim de ano.

Foto: Polícia Ambiental/Divulgação

Caso das búfalas: o hediondo recorrente

Foto: Polícia Ambiental/Divulgação

Apesar de escandalosos, casos como o abandono de mais de mil búfalas no sítio de Água Sumida, município de Brotas (SP), denunciado no início deste mês, não são isolados. Só no Brasil, há diversas denúncias de maus-tratos a animais em larga escala, como os 25 mil bovinos em péssimas condições dentro de um navio a serem exportados para a Turquia, e os 800 jumentos também em estado deplorável numa fazenda de Canudos (BA) em 2019, que seriam posteriormente encaminhados para abate, porém sem nenhuma documentação de origem, sanidade e completamente desprovidos de sombra, água e comida. Mesmo com a rusticidade dessa espécie, a maioria não sobreviveu a tão intensa barbaridade.

Então, por mais hediondos que esses crimes sejam considerados pela sociedade civil, por que continuam acontecendo? O episódio das búfalas consiste em mais uma representação do desamparo, não apenas em âmbito legislativo e jurídico, mas também moral, quando se trata de animais explorados para consumo humano. Tais crimes seriam encarados com muito mais revolta e indignação se tivessem ocorrido com animais de companhia, como cães e gatos. Não que esses não mereçam a referida atenção, mas a atenuação dos fatos evidenciados em piquetes e galpões de fazenda é especista e, consequentemente, injusta. A sociedade reconhece que esses animais sofrem nas circunstâncias reportadas, entretanto muitas pessoas ainda mantêm a distância e o desapego que a pecuária criou. 

A realização da denúncia é um começo, contudo é preciso que diversos atores (produtores, políticos, juristas e consumidores) levem esses casos a sério, analisando aspectos éticos, e não apenas o viés econômico da atividade em questão. São necessárias eficientes fiscalização, responsabilização, punição e ações corretivas.

Enquanto a objetificação dos animais de produção for legitimada pelo agronegócio sem a devida preocupação de como os produtos chegam ao consumidor final, mais manchetes como a dos búfalos e jumentos chegarão aos leitores. A sociedade está começando a entender esse cenário, mas ainda não é o suficiente para os animais.  

Entenda mais sobre o caso aqui. 

Patrycia Sato
Presidente e Diretora Técnica da Alianima