Uma porca interage com seus filhos atrás de grades

Por que as celas de gestação de suínos estão em discussão?

Prática de confinar porcas grávidas em celas de gestação de suínos levanta debate mundial sobre o bem-estar destes animais.

São muitas as crueldades da pecuária com os animais de produção, mas as celas de gestação de suínos passam de todos os limites éticos e é considerada a pior segundo inúmeros pesquisadores e profissionais da área. Mas, pela sua evidente nocividade a estes animais sencientes, não é preciso ser especialista para condenar a prática, muito menos combatê-la.

Porca prenha em cela de gestação de suínos.
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O Brasil é o 4º maior exportador de carne suína no mundo, segundo dados da ABPA de 2020, criando mais de 2 milhões de porcas reprodutoras (matrizes) para gerarem os porcos que vão para o abate. Para ser mais rentável e requerer menos mão-de-obra, as porcas são colocadas em celas individuais, que têm praticamente o tamanho do seu corpo, o que impede seus movimentos. Além do desconforto físico, os animais não conseguem interagir decentemente entre si, explorar o ambiente, nem construir ninho antes do parto. Essa baixa atividade gera problemas locomotores, como a manqueira, urogenitais, atrofia muscular e distúrbios comportamentais.

Além dos fatores a que as mães são submetidas, os leitões também são alvos de práticas impiedosas logo depois de nascerem. Em granjas comerciais de criação de suínos, esses filhotes são retirados do convívio materno aos 21 dias de vida, um mês antes do que aconteceria na natureza. Logo após a separação da mãe, são encaminhados para baias onde se alimentam exclusivamente de ração, o que não é o ideal, Também é muito comum realizar nos leitões procedimentos intensamente dolorosos sem anestesia ou cuidados posteriores, como castração e cortes de dentes, orelhas e caudas.

Uma porca interage com seus filhos atrás de grades
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Hoje, felizmente, existe a Instrução Normativa 113, de 16 de dezembro de 2020, onde são estabelecidos padrões e condutas favoráveis ao bem-estar desses animais na indústria. Diversas granjas já começaram a adotar práticas de bem-estar animal como alojamento conjunto das matrizes em fase de gestação em baias grandes. Contudo, ser um consumidor consciente é a melhor maneira de não colaborar com a perpetuação desta realidade. Estar atento à origem do seu alimento e evitar, se possível, a compra de produtos que ainda são produzidos por esses sistemas ajuda a acelerar a adoção de melhores práticas que contemplem o bem-estar animal.⠀

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A Alianima trabalha para reduzir o sofrimento dos animais utilizados na produção de carne suína ao dialogar com a indústria para pôr fim ao uso de celas de gestação e proporcionar melhores condições de manejo de leitões. Para saber mais sobre como nosso trabalho impacta a vida desses animais, acesse o Observatório Suíno 2020.