Observatório Suíno 2022

Alianima lança a 3a edição do Observatório Suíno

Documento Observatório Suíno 2022 mostra avanço do setor na implementação de baias coletivas para os suínos mas entraves na rastreabilidade

A migração das porcas, de celas individuais para baias em grupo, durante a fase de gestação, foi um dos pontos de avanço mais significativos do setor de grandes fornecedores de carne suína no Brasil, constatados pela terceira edição do Observatório Suíno, relatório anual realizado pela Alianima, com o objetivo de acompanhar a evolução das empresas comprometidas publicamente em implementar uma política de bem-estar animal.

“O Observatório Suíno é importante não apenas para acompanharmos a evolução da indústria, mas também ressaltar a extrema relevância da imagem da suinocultura brasileira no cenário global. Bem-estar animal tem sido um tópico de crescente demanda de mercado internacional”, afirma Patrycia Sato, Diretora Técnica da Alianima.

Observatório Suíno 2022
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A terceira edição do Relatório, que tem periodicidade anual, teve o objetivo de monitorar as 23 empresas abordadas, sendo sete fornecedoras e 16 novos clientes, entre  restaurantes e varejistas, nove deles pela primeira vez sendo abordados pelo Observatório Suíno.  

Em comparação com a edição de 2021, foi possível perceber um grande aumento no número total de empresas contactadas – de 14 para 23 (acréscimo de 64%), fato atribuído aos novos compromissos anunciados publicamente no último ano, em especial no grupo de clientes, cujo número dobrou. Um maior número de empresas respondeu em 2022, apesar da diminuição da porcentagem de fornecedores que participaram e manutenção da proporção de clientes respondentes. 

Dentro do escopo da avaliação e monitoramento para os fornecedores de carne suína, estavam tópicos como a proporção de porcas já alojadas em baias coletivas durante a fase de gestação, bem como o manejo de leitões e o uso de antimicrobianos.

Os dados coletados nesta edição do Observatório Suíno 2022 foram divulgados durante o lançamento do relatório, no dia 22 de novembro, em webinar transmitido via canal do Youtube da Alianima. Assista:

Além de lançarmos anualmente este documento, mantemos o Observatório Animal sempre atualizado, uma plataforma onde reunimos os compromissos públicos de empresas alimentícias que buscam promover o bem-estar de aves e suínos no Brasil. Acesse! 

Uma porca interage com seus filhos atrás de grades

Por que as celas de gestação de suínos estão em discussão?

Prática de confinar porcas grávidas em celas de gestação de suínos levanta debate mundial sobre o bem-estar destes animais.

São muitas as crueldades da pecuária com os animais de produção, mas as celas de gestação de suínos passam de todos os limites éticos e é considerada a pior segundo inúmeros pesquisadores e profissionais da área. Mas, pela sua evidente nocividade a estes animais sencientes, não é preciso ser especialista para condenar a prática, muito menos combatê-la.

Porca prenha em cela de gestação de suínos.
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O Brasil é o 4º maior exportador de carne suína no mundo, segundo dados da ABPA de 2020, criando mais de 2 milhões de porcas reprodutoras (matrizes) para gerarem os porcos que vão para o abate. Para ser mais rentável e requerer menos mão-de-obra, as porcas são colocadas em celas individuais, que têm praticamente o tamanho do seu corpo, o que impede seus movimentos. Além do desconforto físico, os animais não conseguem interagir decentemente entre si, explorar o ambiente, nem construir ninho antes do parto. Essa baixa atividade gera problemas locomotores, como a manqueira, urogenitais, atrofia muscular e distúrbios comportamentais.

Além dos fatores a que as mães são submetidas, os leitões também são alvos de práticas impiedosas logo depois de nascerem. Em granjas comerciais de criação de suínos, esses filhotes são retirados do convívio materno aos 21 dias de vida, um mês antes do que aconteceria na natureza. Logo após a separação da mãe, são encaminhados para baias onde se alimentam exclusivamente de ração, o que não é o ideal, Também é muito comum realizar nos leitões procedimentos intensamente dolorosos sem anestesia ou cuidados posteriores, como castração e cortes de dentes, orelhas e caudas.

Uma porca interage com seus filhos atrás de grades
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Hoje, felizmente, existe a Instrução Normativa 113, de 16 de dezembro de 2020, onde são estabelecidos padrões e condutas favoráveis ao bem-estar desses animais na indústria. Diversas granjas já começaram a adotar práticas de bem-estar animal como alojamento conjunto das matrizes em fase de gestação em baias grandes. Contudo, ser um consumidor consciente é a melhor maneira de não colaborar com a perpetuação desta realidade. Estar atento à origem do seu alimento e evitar, se possível, a compra de produtos que ainda são produzidos por esses sistemas ajuda a acelerar a adoção de melhores práticas que contemplem o bem-estar animal.⠀

We Animals Media

A Alianima trabalha para reduzir o sofrimento dos animais utilizados na produção de carne suína ao dialogar com a indústria para pôr fim ao uso de celas de gestação e proporcionar melhores condições de manejo de leitões. Para saber mais sobre como nosso trabalho impacta a vida desses animais, acesse o Observatório Suíno 2020.