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24 de outubro, 2025

Indústria avança com compromissos de bem-estar de suínos, aponta levantamento inédito

Sexta edição do Observatório Suíno destaca aumento significativo de 16,5% no alojamento de porcas em gestação coletiva nos últimos 4 anos

A suinocultura brasileira segue como uma das mais relevantes do mundo, tanto em volume de produção quanto em potencial competitivo. Em 2024, o país produziu 5,3 milhões de toneladas de carne suína, com um rebanho estimado em 46,6 milhões de animais abatidos e 2,1 milhões de matrizes ativas — um aumento de 2,9% quando comparado ao ano anterior, e um aumento ainda mais expressivo, de 52,8%, nos últimos 10 anos. Isso mantém o Brasil, desde 2015, na quarta posição entre os maiores produtores e exportadores da proteína, atrás apenas de China, União Europeia e Estados Unidos.

A Ásia segue como principal destino da carne suína brasileira, com destaque para Filipinas, China, Hong Kong, Japão e Singapura, que juntos representam 63,8% das exportações — o equivalente a quase 775 mil toneladas. Neste cenário de alta competitividade, o investimento em bem-estar animal deixou de ser apenas uma demanda ética e passou a ser um fator decisivo para o posicionamento internacional do Brasil, sobretudo diante de regulações cada vez mais rígidas de países importadores.

Na União Europeia, o uso de celas de gestação — estruturas que limitam severamente a mobilidade de porcas prenhas — já é proibido desde 2013, com exceções apenas para os primeiros 28 dias após a inseminação. A prática também já foi banida em países como Noruega, Suécia, Suíça, Reino Unido e Nova Zelândia (com implementação final prevista para 2025), além de 11 estados dos EUA.

É nesse contexto que a 6ª edição do Observatório Suíno, relatório produzido pela Alianima, consolida-se como uma das principais ferramentas de monitoramento do setor. Com metodologia técnica e colaborativa, o relatório aplica questionários distintos para produtores de carne suína (fornecedores) e compradores (clientes), como redes de restaurantes e supermercados. 

Clique aqui para acessar a 6ª edição do Observatório Suíno.

Maria Fernanda Martin, zootecnista e gerente de relações corporativas e bem-estar animal da Alianima, diz que a proposta do levantamento é identificar gargalos, reconhecer boas práticas e estimular o avanço contínuo do setor em direção a sistemas mais sustentáveis. “Neste ano, observamos um avanço na gestação coletiva por parte da maioria dos fornecedores, assim como nos compromissos públicos com a adoção do sistema cobre e solta para novas instalações”, ressalta.

Pelo segundo ano consecutivo, 100% dos fornecedores convidados responderam ao levantamento — evidenciando transparência e compromisso com a evolução do setor. Dentre as participantes de todas as edições, nomes como Alegra, Alibem, JBS, MBRF e Pamplona se destacaram como empresas que demonstraram constância no reporte, com a apresentação de dados sólidos sobre a  transição para sistemas mais éticos de alojamento para as matrizes suínas.

No grupo de fornecedores, a JBS (Seara), que possui prazo até o final de 2025, aumentou sua transição de um ano para o outro, chegando a 98% — o que indica que completará sua transição a tempo. Em 2º lugar em porcentagem de avanço está a Alegra, sendo que na edição anterior havia apresentado um leve recuo. Já a Pamplona apresenta transição avançada, podendo atingir 100% dentro do seu prazo de 2026.

De acordo com o relatório, todos os fornecedores afirmaram que conseguem fornecer informações específicas aos clientes sobre a parcela de carne suína proveniente de granjas livres de celas de gestação — o que reforça a viabilidade técnica e a rastreabilidade da cadeia.

Considerando o número de matrizes ativas alojadas no Brasil, segundo o último relatório anual da ABPA, o total informado pelos fornecedores comprometidos representa 62,2% do plantel nacional. 

Confira a proporção de porcas alojadas em baias coletivas entre o total de cada empresa:

observatório suíno 2025

Ao serem questionadas sobre as dificuldades para prosseguir com a transação para alojamento em grupo, 89% dos fornecedores disseram que o financiamento continua sendo a principal dificuldade encontrada, seguida da precificação do produto final (78%) e planejamento das instalações (67%). Pelo terceiro ano consecutivo, a Pamplona não encontrou dificuldades na transição para alojamento coletivo. Além disso, o apoio técnico deixou de ser apontado como barreira pelo grupo. 

A gerente de relações corporativas e bem-estar animal da Alianima, ressalta que isso pode indicar um processo de amadurecimento técnico do setor e busca ativa por qualificação por parte dos produtores.

Sistema “cobre e solta” avança, mas ainda é exceção

A prática conhecida como “cobre e solta”, que permite que as fêmeas se movimentem livremente em baias logo após a cobertura, promovendo maior conforto e redução de estresse quando comparada aos outros tipos de sistemas de gestação coletiva, também começa a ganhar espaço entre os fornecedores. Embora represente um desafio maior — por exigir mais espaço, adaptação das instalações e manejo mais complexo — os benefícios para a saúde física e mental dos animais já são percebidos por parte das empresas.

De acordo com o relatório, apenas Pamplona e JBS seguem com mais de 50% do plantel alojado nesse sistema. Do ano passado para este, a Alegra, Frimesa e Pamplona foram as únicas empresas que aumentaram a porcentagem de matrizes no sistema “cobre e solta”. Contudo, o relatório aponta que 67% das empresas já assumiram compromissos públicos para que todas as novas instalações sejam baseadas nesse modelo. 

Ao serem questionadas sobre as desvantagens do sistema, as respostas das empresas foram semelhantes às do ano passado, com perdas reprodutivas, brigas, dificuldade em manter o escore corporal adequado, maior custo de implementação e necessidade de maior espaço. Já com relação às vantagens, as questões de bem-estar animal, saúde física e mental, foram as mais citadas, além de uma melhor performance das matrizes.

Alojamento na maternidade e manejo

Assim como as celas de gestação, as celas de maternidade representam um sério problema de bem-estar animal, pois restringem os movimentos das porcas e desconsideram um comportamento essencial: a necessidade natural de preparar um ninho em local calmo e recluso para parir com conforto e segurança. Ciente desse cenário, parte do setor começa a se movimentar: 67% dos fornecedores afirmam ter planos para dar mais espaço na maternidade para as matrizes, aumento de 29% quando comparado à edição anterior.

Com relação ao manejo de leitões, pelo segundo ano consecutivo, 100% das empresas produtoras seguem sem realizar a castração cirúrgica, e 78% já baniu o desgaste dos dentes dos leitões. Contudo, práticas como o corte de orelhas e o corte de cauda dos leitões ainda enfrentam barreiras para serem superadas. As empresas alegam dificuldades em encontrar alternativas viáveis, seja pelo alto custo e risco de perda de identificação com o uso de brincos (no caso da mossa), seja pela persistência dos casos de caudofagia, que é quando os animais mordem a cauda uns dos outros.

“É importante notar que há uma diminuição na intenção das empresas em banir o corte de cauda ao longo dos anos, como mostra a edição deste ano, em que apenas uma empresa, a MBRF, assinalou a resposta positiva. O corte de cauda segue sendo o manejo mais complexo para o banimento por conta da causa multifatorial do problema de mordedura entre os leitões”, explica a porta-voz da Alianima.

De acordo com o relatório, todos os produtores que não pretendem banir o corte de cauda relataram experiência prévia negativa. Segundo Maria Fernanda, um ponto positivo é que há interesse do grupo pelo tema, sendo o primeiro ponto na busca por alternativas viáveis. 

Clique aqui para acessar a 6ª edição do Observatório Suíno.

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Imagem: Freepik

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