O Brasil é o 2º maior produtor e 1º maior exportador de carne de frango do mundo, atingindo a marca de 5,3 bilhões de frangos abatidos por ano. Essa produção intensa gera benefícios econômicos, mas também levanta sérias preocupações sobre o bem-estar animal e a sustentabilidade do setor, afinal, a criação de frangos de corte é marcada por práticas altamente prejudiciais para as aves, incluindo o crescimento acelerado.
Mas o que é crescimento acelerado?
Desde meados do século XX, a indústria avícola tem investido fortemente em seleção genética para aumentar a performance dos frangos. Essa prática, que cruza linhagens com características desejáveis e lucrativas, tem como um dos objetivos acelerar o crescimento muscular, permitindo que as aves atinjam o peso de abate de praticamente 3 kg em apenas 42 dias, um aumento de até quatro vezes a taxa de crescimento das linhagens menos selecionadas.
Essa modificação genética acelerada gera o Frankenchicken, alusão à famosa história “Frankenstein” da autora britânica Mary Shelley. Na história, um cientista dá vida a uma criatura composta de partes desconectadas do corpo humano e excessivamente manipuladas. No caso dos frangos, a realidade supera a ficção: partes como o peito e as coxas, altamente valorizadas pelo mercado, crescem de forma desproporcional ao restante do corpo, causando desequilíbrios e dificultando a locomoção e o bem-estar geral das aves.
Veja vídeo em que exploramos mais o assunto:
Quais são os principais danos do crescimento acelerado?
Essa prática pode comprometer órgãos vitais e a estrutura óssea dos frangos, resultando em uma série de problemas, como:
Doenças cardiovasculares, como a síndrome da morte súbita e hipertensão pulmonar (ascite).
Problemas locomotores, incluindo deformações nas patas, discondroplasia tibial e necrose da cabeça femoral.
Crescimento desproporcional entre partes do corpo, como peito e coxas, dificultando a locomoção e até mesmo a alimentação.
Além disso, a produção em larga escala em galpões fechados e superlotados contribui para o agravamento desses problemas de saúde.
Quais as alternativas ao crescimento acelerado?
Para enfrentar esses desafios, a 1ª edição do Observatório do Frango, relatório da Alianima, oferece um panorama detalhado sobre as condições de criação de frangos no Brasil, destacando os principais problemas de bem-estar animal. O relatório propõe mudanças nas práticas de criação, com base em programas internacionais como o Better Chicken Commitment (BCC).
Nossa recomendação é adotar linhagens genéticas que, comprovadamente, proporcionem melhores resultados em termos de bem-estar animal para um crescimento e ganho de peso mais equilibrados, favorecendo a saúde e o bem-estar dos frangos. Além disso, é essencial que empresas assumam compromissos públicos com as aves, o que ainda não acontece no Brasil, mas em vários países da Europa, Oceania e América do Norte.
O que o consumidor pode fazer?
Nesse momento de crescente demanda da carne de frango, é preciso exigir das empresas compromissos públicos com práticas éticas que garantam o bem-estar animal, além de acompanhar a agenda política relacionada à produção de alimentos. Também é possível doar para a Alianima para que possamos seguir atuando nessa agenda.